REFLETINDO A PALAVRA
· 1ª Leitura: Isaías 35,1-6a.10
· Salmo Responsorial: 145(146)
· 2ª Leitura: Tiago 5-7-10
· Evangelho: Mateus 11,2-11
AJUDA MUITO, QUEM NÃO ATRAPALHA A CONSTRUÇÃO DO REINO DE DEUS NA SOCIEDADE.
A terra “deserta e intransitável” da qual o profeta Isaías se refere, não é tão somente a terra imersa no pecado, motivo pelo qual, Deus lhe havia retirado a bênção, tornando-a estéril e seus habitantes errantes, entregues à morte. É antes que um simples local, o momento da plena revelação da misericórdia divina: Deus dispõe seu coração, sobre a miséria humana.
A história testemunha que é na barbárie, na crise aguda, que ressurge a vida, e é nesta lógica que o discurso do profeta toma corpo: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele quem vem nos salvar” (Is 35,4); é um discurso profético, quase apocalíptico, dado a condição miserável que se encontra o povo, terreno propício para a manifestação da graça divina. A diferença é que, para o profeta, ainda há a possibilidade de mudança por meio da conversão, a qual resulta, sobretudo, na cura física: os olhos que voltam a enxergar, os surdos que voltam a ouvir, os coxos que voltam a pular; condições que expressam a dignidade humana renegada, em tempos de opressão, quando não é dado ao povo, o direito de ver, ouvir, falar e agir.
Sob esta conjuntura desfavorável à liberdade e, portanto, ao desenvolvimento do Reino de Deus, ou seja, a uma sociedade plenamente justa e fraterna, Tiago, após fundamentar a opção preferencial pelos pobres, nos versículos anteriores de sua carta, exorta aos que se encontra em estado de opressão, que tenham confiança no poder de Deus. Confiar não por meio de uma espera passiva, mas, assumindo uma luta perene de conversão e mudança de vida: “Não vos queixeis uns dos outros, para que não sejais julgados” (Tg 5,9); aqui está a chave da libertação, não conquistada por conta da murmuração, que nos enfraquece e nos mantém na condição de oprimido, ao contrário, a comunhão nos une e nos fortalece, somente assim somos capazes de lutar contra todas as formas de injustiça social.
O projeto da salvação ultrapassa inclusive nossas limitações: “João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo” (Mt 11,2); tais obras têm por finalidade última revelar a manifestação de Deus entre os homens – Emanuel, Deus conosco. Em meio a nossa miséria, Deus já se faz presente e restaura as nossas forças, devolvendo-nos a dignidade de filhos amados do Pai, por isso podemos novamente erguer nossa cabeça e lutar pela vida, pois agora, isso vale a pena... É disso que depende a nossa salvação. Doravante, são os pobres, mesmo, agentes de sua própria transformação: “... Os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis” (Mt 11,8), e não terão a mínima pretensão de promover a justiça, pois isso implica perder privilégios; a evangelização urge dos pobres e para os pobres, ou seja, os desprovidos de privilégios, muito embora a todos esteja garantida a salvação. Escandalizar-se com a nova realidade de justiça, propiciada pela idéia da implantação do Reino, é opor-se à vontade de Deus, atrapalhando o desenvolvimento de sua obra.
Por maior e mais importante que seja uma determinada pessoa neste mundo, a dinâmica do Reino exige uma radical mudança de comportamento, pois exige de cada um de nós, um espírito desprovido de tudo o que aprisiona o homem: medo, insegurança, vaidade, orgulho, auto-piedade e assim por diante, são sentimentos que nos impossibilita o nascimento do Cristo e impede que a graça de Deus aconteça no agora de nossa vida.
OREMOS: Ó Deus de bondade, que vedes o vosso povo esperando fervoroso o Natal do Senhor, daí chegarmos às alegrias da salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene liturgia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
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