sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

13/02/2011 – 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A


13/02/2011 – 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
(II Semana do Saltério)


1ª Leitura: Eclesiástico 15,16-20
Leitura do livro do Eclesiástico16Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás.17Diante de ti ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender  a mão.18Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir.19A sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente.20Os olhos do Senhor estão voltados para os que o temem. Ele conhece todas as obras do homem. 21Não mandou a ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença de pecar.Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 118/119
Feliz o homem sem pecado em seu caminho,/ que na lei do Senhor Deus vai progredindo!
1. Feliz o homem sem pecado em seu caminho/ que na lei do Senhor Deus vai progredindo!/ Feliz o homem que observa seus preceitos/ e de todo coração procura a Deus!
2. Os vossos mandamentos vós nos destes,/ para serem fielmente observados./ Oxalá, seja bem firme a minha vida/ em cumprir vossa vontade e vossa lei!
3. Sede bom com vosso servo e viverei/ e guardarei vossa palavra, ó Senhor./ Abri meus olhos e então contemplarei/ as maravilhas que encerra a vossa lei.
4. Ensinai-me a viver vossos preceitos;/ quero guardá-los fielmente até o fim!/ Dai-me o saber, e cumprirei a vossa lei/ e de todo coração a guardarei.
2ª Leitura: 1Coríntios 2,6-10
Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios – Irmãos: 6Entre os perfeitos nós falamos de sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal, estão votados à destruição. 7Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que desde a eternidade Deus destinou para nossa glória. 8Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa sabedoria. Pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. 9Mas, como está escrito, “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu”. 10A nós Deus revelou esse mistério através do Espírito. Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus.  Palavra do Senhor.
Evangelho: Mateus 5,17-37
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo MateusNaquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 17”Não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. 18Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no reino dos céus. 20Porque eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. 21Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: ‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de ‘tolo’ será condenado ao fogo do inferno. 23Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e aí te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa a tua oferta aí diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te digo: daí não sairás, enquanto não pagares o último centavo. 27Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. 28Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. 29Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno. 31Foi dito também: ‘Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio’. 32Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério. 33Vós ouvistes também o que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso’, mas ‘cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor’. 34Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35nem pela terra, porque é o suporte onde apóia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. 36Não jures tão pouco pela tua cabeça, porque tu não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. 37Seja o vosso ‘sim’: ‘Sim’, e o vosso ‘não’: ‘Não’. Tudo o que for além disso vem do maligno. Palavra da Salvação.
REFLEXÃO DA PALAVRA: SE A NOSSA JUSTIÇA NÃO SUPERAR A LEI, NÃO ENTRAREMOS NO REINO DOS CÉUS.
Estamos diante de um drama existencial para toda a raça humana, drama este que diz respeito à sua subsistência na face da terra, e se não também, de todo o cosmo e a diversidade que o compõe; ou a humanidade efetivamente se converte para prática da justiça, da solidariedade, do cuidado caridoso e gratuito para com seu semelhante e toda a criação, que com ele coabita o universo, ou estaremos todos fadados à destruição e a falência completa da inteligência que Deus mesmo concedeu ao ser humano.
A primeira leitura, retirada do livro sapiencial de Eclesiástico, nos apresenta uma realidade dualista colocada diante do livre-arbítrio, parte constituinte da razão; ao homem é dado o poder de escolha entre a vida ou a morte como base fundamental de sua existência no mundo e assim, assumir todas as consequências de sua própria escolha.
Em Jesus Cristo, Deus completa sua obra redentora e nos deixa livre para abraçar a salvação ou a condenação, ou seja, conquistar a felicidade plena de todos já aqui na terra, ainda uma utopia distante, ou o sofrimento e a tristeza, tal como vivemos nos dias atuais. Diferentemente da atual argumentação cultural, fundada no sincretismo de idéias antagônicas, a qual tenta nos convencer de que, nem o céu nem o inferno são objetos de interesse do homem, mas sim o meio termo, o equilíbrio e a convivência das duas realidades sobrepostas, a Palavra de Deus vem justamente contrapor esta filosofia; na afirmação do apóstolo Paulo, de que esta sabedoria humana, sobretudo a dos poderosos “votados à destruição” (1 Cor 2,6) que é quem de fato as difunde e defende através dos meios de comunicação de massa, das instituições formadoras de opinião: escolas, faculdades, sindicatos, partidos políticos, e as do poder instituído; esta sabedoria humana, não é capaz de estar a serviço da construção do Reino de Deus, nem na nossa atual realidade, muito menos na eternidade, porque esta sabedoria não é eterna e se não é eterna é corrupta.
Neste contexto, a Lei tem um fim didático, de orientar as ações do homem de modo a tornar possível uma convivência um tanto mais harmoniosa na realidade terrena, embora a Lei por si só não garanta a salvação, pois a salvação está atrelada ao amor interpessoal e pleno, aquele mesmo que reconhece e luta pela dignidade e a valorização de cada semelhante e da biodiversidade cósmica, como fundamento do ser existente; Por outro lado, a Lei considerada ao pé da letra, nos revela a nossa deficiência e muitas vezes, reforça os instrumentos repressores da sociedade injusta e corrupta; o refrão do salmo por sua vez, nos lembra o poder que a Lei pode ter, se ordenada a Deus: “feliz o homem que observa seus preceitos e de todo o coração procura a Deus!”; não basta cumprir integralmente a Lei, o amor exige algo a mais, que a sabedoria puramente humana jamais poderá compreender: “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu” (1 Cor 2,9).
O pecado da humanidade não está na Lei em si, mas na prática injusta que exige a Lei como intermediação de convivência; se o amor fosse uma realidade entre os seres humanos, a Lei seria irrelevante, pois a prática não a exigiria; se houvesse amor e consideração ao semelhante no trânsito, por exemplo, a Lei não se fundamentaria e não se abriria brecha para a corrupção, ou seja, não haveria transgressão, consequentemente, não haveria a penalidade. No contexto em que vivemos, a Lei se tornou essencial, a ponto de Jesus preservá-la e exigir de seu discípulo, o pleno cumprimento; o cristão é então, revestido de uma responsabilidade extraordinária, que está fora do normal, a de cumprir e fazer cumprir a Lei na sua integridade e com isto dar testemunho concreto de sua fé, sob risco de não conquistar a plena felicidade (cf. Mt 5,17-19). Obviamente, isto faz parte da escolha individual do ser humano, de querer a vida ou a morte, conforme preferir; para obter a vida, nossa justiça, seja individual, seja social, deve superar a justiça prescrita pela Lei; “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20); para Deus a dimensão individual está atrelada à dimensão social e nesta conjunção, o pecado individual produz efeito na sociedade e vise-versa, como numa via de mão dupla.
Ainda nesta dinâmica, a alusão à oferta após a reconciliação (cf. Mt 5,23-26) reforça o sentido da Lei e do amor; enquanto a oferta pressupõe a lei, pois é um preceito que se realiza para alcançar a salvação, a reconciliação ou o perdão é um ato livre de amor ao próximo; sem este na sua perfeita ordem, aquele não terá efeito algum; a dívida com relação ao perdão negado é tamanha a porto de ser humanamente impossível quitá-la. A chave então para adentrar ao Reino de Deus, ou seja, para conquistar a vida em plenitude está no coração, no sentimento do ser humano e não na razão; a razão atesta que o pecado se consuma no ato, é assim que os tribunais humanos julgam e as autoridades policiais agem quando é consumado um crime, uma transgressão da Lei; basta uma ligação para a central de polícia e teremos a confirmação que só haverá ação se o crime de fato fora realizado; ao contrário, Jesus alerta para a prática da injustiça já na sua concepção, ou seja, no pensamento, o qual está antes da ação; a superação desta dura realidade está na coerência do pensamento humano com a ação praticada, este pensamento deve ordenar a ação, não para o mal que representa a morte, mas para o bem, que ao contrário, representa a vida: Seja o vosso ‘sim’: ‘Sim’, e o vosso ‘não’: ‘Não’” (Mt 5,37).
OREMOS: Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho na unidade do Espírito Santo.
O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna.
Amém!

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