sexta-feira, 1 de julho de 2011

AS ORÍGENS DA IGREJA: TESTEMUNHO DE VIDA E DE AMOR A DEUS

SOLENIDADE De São pedro e são paulo
03/07/2011 – Ano A – cor: vermelho

PRIMEIRA LEITURA: Atos 12,1-11
SALMO RESPONSORIAL: 33/34
SEGUNDA LEITURA: 2 Tm 4,6-8.17-18
EVANGELHO: Mt 16,13-19

AS ORÍGENS DA IGREJA: TESTEMUNHO DE VIDA E DE AMOR A DEUS

Juntos, Pedro e Paulo constituem os dois pilares da fé cristã, dado a importância dos testemunhos destes dois apóstolos para a formação da Igreja, da sua caminhada na história da salvação humana após o evento da encarnação do Verbo, e da evangelização ordenada pelo próprio Cristo a ser levada aos confins da Terra.
A tradição da Igreja confere a Pedro o título de “Príncipe dos Apóstolos” e o considera como o primeiro Bispo de Roma, portanto, o primeiro Papa. De fato, é a Pedro que Jesus, pessoalmente confere a missão de conduzir sua Igreja: “... tu és Pedro (כיפא, Kepha), e sobre esta pedra (כיפא, Kepha) construirei a minha Igreja...” (Mt 16,18). Isto é extremamente importante para a fundamentação da primazia do Papa enquanto bispo ocupante da cátedra de Pedro, muito embora seja o Papa, membro do colégio episcopal com poderes equitativos aos demais bispos. Importa, porém, é Pedro ter assumido com fervor seu ministério de liderança de toda a Igreja, fundada de fato no dia de Pentecostes, ainda que relutasse em restringir o Evangelho ao povo da Antiga Aliança, isto é, aos de origem tradicional judaica. A prisão de Jerusalém, relatada na Primeira Leitura, é permeada de sentidos, tanto humanos: o sono profundo de Pedro na prisão (cf. At 12,6.7) e da convicção do martírio, a sua relativa incompreensão acerca da realidade de sua libertação (cf. v.9), como transcendentes e mistagógicos: a comunidade que reza continuamente (cf. v.5) e Deus que ouve e responde ao clamor e o liberta extraordinariamente (cf. Vs. 7-11), como num sincronismo entre comunidade orante e a ação de Deus; Oração e ação aqui, assumem o sentido pleno da libertação do discípulo, que até então, encontrava-se aprisionado e sentenciado à morte; Deus em comunhão com as orações da comunidade, restitui a dignidade e a autoridade de Apóstolo a Pedro: “coloca o cinto e calça tuas sandálias [...] põe tua capa e vem comigo”, ordena o próprio Deus a Pedro, por meio do anjo. Um fato que chama a atenção e parece estar fora do contexto, é o martírio de “Tiago, irmão de João” (v. 2), além do mais, o relato parece ser superficial, uma vez tratar-se do primeiro martírio entre os apóstolos, no entanto, quer mostrar à Igreja, que a destinação a rigor, reservada ao apóstolo, era a de ser martirizado, o que para eles era a glória, isto é, o reconhecimento e a ascensão à santidade eterna, uma felicidade indescritível.
E isto, não é diferente para Paulo, que tardiamente irá integrar-se ao corpo dos apóstolos, não por designação pessoal do Cristo, como foram os demais, mas pelas experiências que pode ter diretamente com o Ressuscitado e que lhe possibilitou uma profunda conversão; de perseguidor que fora para os cristãos, torna-se missionário e evangelizador da Boa Nova aos povos pagãos, aqueles que não tinham os costumes, a cultura e as tradições judaicas; daí é que devemos, nós hoje, sermos gratos por termos recebido as luzes do Evangelho, uma vez que a maioria no mundo ocidental, não é descendente dos judeus; é Paulo quem nos defende no Primeiro Concílio de Jerusalém, por volta do ano 51 (cf. At 15), sustentando que não precisaríamos ser circuncidados para receber o Evangelho e ser aceito na comunidade cristã, ou seja, a conversão não se daria no estado físico, mas sim no espiritual. Isto dá a Paulo o sentimento de ter realizado sua missão: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça...”; como autêntico romano, Paulo traz os traços da cultura romana para representar o que para ele seria a salvação, numa linguagem própria aos pagãos, o que é incrível! E ao final, ainda estende a sua esperança àqueles a quem semeou o Evangelho, e tranquilo, tal como o sono profundo de Pedro na prisão encerra a sua fala louvando e agradecendo a Deus: “A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém” (2Tm 4,18).
Que o exemplo de testemunho de São Pedro e São Paulo, suscite hoje para a Igreja, no mundo todo, cristãos fervorosos na divulgação e na prática do projeto de libertação iniciado por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Fraternal abraço a todos e a todas.

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