domingo, 4 de dezembro de 2011

REFLEXÃO DA PALAVRA - II DOMINGO DO ADVENTO - ANO B - 04/12/2011

 II DOMINGO DO ADVENTO – ANO B – 04/12/2011

PRIMEIRA LEITURA: Isaías 40,1-5.9-11
SALMO RESPONSORIAL: Sl 84/85
SEGUNDA LEITURA: 2 Pedro 3,8-14
EVANGELHO: Marcos 1,1-8

“ESPERAMOS NOVOS CÉUS E UMA NOVA TERRA”

Dando continuidade à reflexão do 1º Domingo do Advento, a manifestação do Senhor, sua encarnação na realidade humana, não é um acontecimento passageiro por nossa história, um evento acontecido num tempo em que a cada instante se distancia do momento ao qual vivemos, tampouco, o espaço deste acontecimento em nada tem a ver conosco hoje. Ao contrário, dado o caráter atemporal de Deus e sua onipresença características que concede a esta realidade divina, uma transversalidade em toda a existência criada, podemos assim dizer que a manifestação a qual se espera neste Advento é uma realidade atual; a todo instante, no ontem, hoje e sempre, Deus nasce e se revela a todos os que o aceitam; a este a promessa é enfática: “Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que ele vai anunciar; a paz para o seu povo e seus amigos, para os que voltam ao Senhor seu coração”, diz o salmista na Liturgia de hoje, mas enfática também é a condição que se coloca para a emanação desta paz: somente “ao seu povo e seus amigos”; àqueles que o conheceram em profundidade de relação; importante é saber que conhecer é uma relação muito mais profunda e completa daquela a qual estamos acostumados a ter com as pessoas em geral. Conhecer alguém significa adentrar a intimidade deste alguém, e esta intimidade, não está de forma alguma reduzida à sua sexualidade, mas sim à essência do ser desta pessoa, seus pensamentos, vontade, desilusões, transcendência, enfim, tudo o que constitui esta pessoa se pode conhecer dela; é esta relação pura e verdadeira que por Deus, de nós é exigida; são estes que, experimentando Deus na sua totalidade, se tornaram seu povo e seus amigos, e são estes, portanto, objetos de sua promessa.
Justiça e paz são condições intrínsecas, que estão unidas, na verdade, a segunda condição deriva da primeira, portanto, não há paz sem justiça. Qualquer que seja o discurso que o mundo utilize para contestar esta argumentação, se não houver uma transformação de atitudes, uma conversão autêntica, capaz de promover, por meio de ações concretas, a justiça tal como sua definição determina, nossa sociedade e as pessoas não terão paz; a paz a qual podemos experimentar hoje é uma paz falsa, muito mais coerente com uma atitude de fuga e omissão de nossas responsabilidades; não pode ser paz autêntica, o fato de encerrar-me em meus aposentos após um dia de trabalho o qual, me dediquei o máximo a manter um sistema de exploração e exclusão dos mais pobres enquanto estes mesmos pobres estão condenados a morrer das diferentes formas de privação que temos construído ao longo de nossa história, achando que em nada tenho a ver com toda esta desgraça.
Conforme nos ensina a Liturgia de hoje, a primeira coisa a fazer contra toda esta situação de morte colocada é anunciar a esperança de que Deus mesmo é quem restaura a nossa realidade manchada pelo pecado, sem deixar de denunciar o pecado que provoca tanta dor e sofrimento; João Batista é o precursor, não somente de Jesus, mas dos modernos profetas, tendo em vista, não coadjuvando com o poder, mas denunciando na sua liberdade desapegada; quem não se desapega das fontes do pecado, fica prejudicado no seu discurso libertador, por isso João é feliz no seu testemunho, ainda que não tivesse oportunidade de testemunhar as mudanças ocorridas a partir de sua pregação, uma vez que “para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos como um dia” (Cf. 2Pd 3,8), a libertação é, pois um processo de conversão que não está preso à nossa temporalidade, à nossa existência física, ao passo que toda a semente que lançamos na terra, não morre sem germinar, é o mesmo que acontece com a Palavra que lançada, não volta sem produzir transformação. A Palavra é, pois, pressuposto desta transformação radical que é o fazer de nossa sociedade numa nova sociedade configurada à idéia do Reino de Deus, Reino de justiça, de paz e de fraternidade, o qual, temos ansiosamente esperado.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

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