quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

REFLEXÃO DA PALAVRA: EPIFANIA DO SENHOR - ANO B - 08/01/2012


EPIFANIA DO SENHOR – ANO B – 08/01/2012
(Branco, Glória, Creio, Prefácio do Natal – Ofício da Solenidade)

1ª Leitura: Isaías 30,1-6
Salmo Responsorial: Sl 71/72
2ª Leitura: Efésios 3,2-3a.5-6
Evangelho: Mateus 2,1-12

EPIFANIA: DEUS QUE SE MANIFESTA E NOS ENSINA A VIVER EM SOCIEDADE ORGANIZADA

A Festa da Epifania encerra as celebrações litúrgicas do Tempo no Natal, enfatiza esta grande realização de Deus à humanidade que é a sua máxima manifestação na pessoa do Filho, eternamente presente na história, desde então velada na cortina do mistério que envolvia a Santíssima Trindade. É celebrada pela Igreja desde o século IV e sua razão é tornar a manifestação de Deus na terra conhecida, e convidar aos povos pagãos a render louvores àquele que é o único e verdadeiro rei de todos os povos; tornado rei, não conforme a concepção humana de poder, que visa o reconhecimento e reivindica para si ser servido, ao contrário, Jesus é rei por meio de sua entrega ao serviço, o qual culmina na salvação de toda a humanidade. Não reivindica para si a centralidade do poder que se encontra constituído em Jerusalém, como se vê no Evangelho escolhido para esta festa; Jesus irá nascer na manjedoura, longe do reconhecimento e do luxo que envolvia a casta dominante da época, todavia irá resgatar na história, ou seja, no tempo e no espaço: “Na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes” (Mt 2,1), que o poder de fato, não estava na vontade humana, mas na vontade de Deus que havia prometido ao rei Davi, por meio das profecias, um eterno reinado por meio de sua descendência; sabemos, por meio das escrituras, que é José quem confere a Jesus a descendência davídica, e este, por uma providência nascera em Belém, a Capital de direito, ainda que não de fato.

Assim, a Festa de Epifania, tal como o Natal, possui uma ligação intrincada com a Páscoa do Senhor; é por conta da Páscoa que celebramos as demais festas litúrgicas; toda a nossa liturgia gira em torno à Páscoa. Mas a Epifania tem um sentido, um caráter mais político; para os cristãos da origem, seguindo a cultura semita, a política não está dissociada da religiosidade, aliás, a política não está dissociada de forma alguma das nossas vidas, faz parte do nosso dia a dia; a decisão de levantar da cama de manhã, já é uma decisão política que tem suas consequências no transcorrer do dia. Dependendo da hora em que me levanto, posso chegar atrasado ao trabalho, ou não render bem como deveria, e assim por diante.

Vemos na leitura do Evangelho de hoje que a simples ideia da instituição de um novo poder, ainda que pareça inofensivo, uma vez que o rei que os magos anunciam a Herodes seja um neonatal, frágil, pobre, sem fortaleza e sem exército, ou seja, sem a estrutura em que normalmente se alicerçam os grandes impérios, inclusive hoje ainda, esta ideia abala profundamente o poder dominante, centrado em Herodes, e funda um sentimento de insegurança a todos que se beneficiam desta estrutura desgastada e corrupta (cf. Mt 2,3). Esta insegurança força uma reordenação política, uma reação do antigo poder: “reunindo todos os sumos sacerdotes e os mestres da lei, perguntava-lhes onde o Messias deveria nascer” (Mt 2,4); a manutenção do poder requer informações, e quanto mais as tem tanto mais organizada será a reação, desde que tais informações sejam convertidas em conhecimento; observando o texto vemos que o poder detinha as informações, mas o conhecimento acerca da manifestação divina, esta estava com o magos, os estudiosos, que por serem pagãos, ou seja, estrangeiros, encontram-se desorientados e precisam obter as informações detalhadas das profecias, que a princípio, não tinham necessidade de obtê-las, somente após se aproximarem da região fica latente esta necessidade, pois precisam apreenderem a cultura local, afim de compreender totalmente o mistério. A partir daí, não serão mais os mesmos, retornarão por outro caminho, transformados pela graça de poder testemunhar o que é realmente ser um rei, um líder.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

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