sábado, 10 de setembro de 2011

REFLEXÃO DA PALAVRA - XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM: O PERDÃO É FONTE DE CURA E FELICIDADE TOTAL


REFLEXÃO DA PALAVRA
XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

PRIMEIRA LEITURA: Eclesiástico 27,33-28,9
SALMO RESPONSORIAL: 102/103
SEGUNDA LEITURA: Romanos 17,7-9
EVANGELHO: Mateus 18,21-35

O PERDÃO É FONTE DE CURA E FELICIDADE TOTAL

Ainda esta semana refletia com Bernadete, minha esposa, sobre a alegoria bíblica do barro e do oleiro, descrita pelo profeta Jeremias (cf Jr 18). Neste antigo relato, o profeta reflete sobre a fragilidade do povo nas mãos de Deus, tal como o barro que nas mãos do oleiro é moldado na forma que ele mesmo quer, e que, se não atinge a perfeição imaginada, a forma é desfeita para que se refaça o trabalho, tal como queira.
Poder-se-ia questionar sobre a relação do barro com as leituras que temos neste XXIV domingo do tempo comum e a princípio, poderíamos notar que, em quase nada se relacionaria, no entanto, podemos refletir sobre a flexibilidade que o barro tem de ser moldado, quantas vezes forem necessárias até que se torne uma peça perfeita, assim também somos nós; Deus nos molda até atingirmos a perfeição; cada dia é uma oportunidade de recomeçar, de restaurar, de reabilitar; podemos nos considerar não como um produto acabado, mas em permanente construção.
Aquele que se considera acabado, corre o risco de no seu orgulho se considerar auto-suficiente, e consequentemente endurecer o coração, ou seja, não sentir compaixão do outro, uma vez que não precisa do outro para sobreviver na sociedade. Uma pessoa assim torna-se rija, não no sentido de robusta, vigorosa e forte, mas de inflexível, dura e resistente; enquanto barro, podemos ser moldados, mas enquanto vaso não, este por ser resistente, rijo, se quebraria. Ora procure endurecer-se e verá que a conversão será muito mais sofrida, dolorosa; a humildade, sinal de flexibilidade e não de fragilidade é o que torna a conversão, isto é, a mudança radical de pensar e de agir, muito mais fácil.
O perdão nada mais é do que um exercício de humildade, através do qual podemos avaliar nossa capacidade de amar o outro; não digo nem do próximo, para não confundir com o amigo ou parente que seja próximo, mas do outro, o qual pode ser um estranho, que por alguma razão qualquer tenha nos ofendido, ou não. Por outro lado, a negação do perdão, sinal de enrijecimento é bastante prejudicial, não a quem se nega o perdão, mas a nós mesmos, (cf. Eclo 27,33); contrariamente ao que pensamos, é tão prejudicial à nossa saúde física mesmo, que até o pecador tenta dominar suas raízes: o rancor e a raiva, conforme relata a primeira leitura.
Esta relação entre a falta de perdão e nossa saúde, nos é confirmada pelo salmista: “Pois ele (Deus) te perdoa toda a culpa e cura toda a sua enfermidade” (Sl 102/103,3); ora, se Deus, de fato, nos perdoa na proporção em que perdoamos, inclusive conforme recitamos na oração do Pai Nosso (“...E perdoai as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”), então, poderemos ser curados das nossas enfermidades (doenças), perdoando o outro. Em outras palavras, conforme é nossa capacidade de sermos flexíveis, tal como o barro nas mãos do oleiro – lembrem-se do ato da criação do homem a partir do barro – por meio do exercício do perdão, não guardando ressentimentos no coração, poderemos viver uma vida sem sofrimentos. E quantos sofrem anos e anos ressentindo – repetindo suas queixas e guardando, eternamente o rancor (cf. Sl 102/103,9) – ofensas das quais até mesmo o agressor já esquecera a tempos, quem de fato sofre mais o agressor ou a vítima? Sem dúvida é a vítima que continua sendo vítima, enquanto não for capaz de perdoar.
Deus mesmo nos ensina com seu próprio testemunho, leia novamente o versículo nove do salmo de hoje (acima referido), é Ele quem age com perdão naturalmente e não nós, a iniciativa do perdão é Dele; o perdão está intrínseco a sua essência – “Deus caritas est” –, no entanto, paradoxalmente nós, e não é raro, O consideramos radical, cruel; basta lermos o Evangelho de forma superficial para formamos uma idéia equivocada do sentido que se quer dar – leia o artigo “os perigos de uma leitura superficial” em http://www.catequisar.com.br/texto/materia/biblia/geral/12.htm –. Deus não é cruel, tampouco rigoroso, nossa forma de viver é que está distante de seus propósitos, e não queremos renunciar aos privilégios que a vida moderna nos oferece, também não queremos nos tornar maleáveis; para nós perdoar infinitamente o outro é uma desonra, sinal de fraqueza e de inferioridade; se para Pedro, perdoar sete vezes era muito e suficiente, Jesus o e nos ensina que se deve perdoar setenta vezes mais, é o mesmo que elevar à plenitude o infinito.


Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

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