XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A - 04/09/2011
PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 33,7-9
SALMO RESPONSORIAL: Sl 94/95
SEGUNDA LEITURA: Romanos 13,8-10
EVANGELHO: Mt 18,15-20
“O AMOR NÃO FAZ
NENHUM MAL CONTRA O PRÓXIMO” (Rm 13,10)
O profeta recebe a dura missão, não
só de denunciar as injustiças sociais e anunciar a misericórdia do Senhor, mas
também, a de manter a guarda sobre toda a comunidade de fé, tal como um vigia,
um sentinela; esta é uma nova categoria que irá designar o profeta, sobre o qual
doravante recai a responsabilidade da condenação dos demais membros da
comunidade. De fato, Deus utilizará desta nova prerrogativa, para retardar a
sua sentença e assim, por intermédio do ministério do profeta, oferecer uma
possibilidade de conversão do pecador, o qual, se não devidamente orientado e
condenado por suas ações, torna-se o ministro co-responsável pelos pecados
cometidos pelo outro; podemos então compreender que no contexto atual, o
profeta está devidamente representado tanto nos ministros ordenados da
comunidade, assim como nos leigos, chamados a exercerem o ministério da liderança,
pois, uma vez esclarecidos e conscientizados acerca do pensamento de Jesus,
tornam-se da mesma forma, responsáveis pela comunidade; àquele que recebeu o
ensino, tem a responsabilidade de também ensinar. Esta protelação em dar a
sentença de condenação para possibilitar ainda uma última chance de conversão é
a pura manifestação de misericórdia que Deus demonstra a sua criação.
A salvação está, portanto, em
ouvir a Palavra de Deus, esta palavra é fonte de conversão, por ela podemos
conhecer Deus na sua intimidade, podemos conhecer a filosofia de Deus, seus
pensamentos e seu querer; podemos perceber o apelo que o salmista nos faz, tal
como um profeta, um sentinela, a nos orientar.
“O amor não faz nenhum mal contra
o próximo”, esta é a síntese profética que a Palavra de Deus nos oferece, o
ensino para uma vida mais completa. Mas o amor não é um contrato, muito menos
uma dívida a ser paga, mas sim um dever do convertido; Paulo mesmo é puro exemplo
deste novo conceito de amor gratuito, dissociado da obrigação; ele, que de
perseguidor, ao conhecer o Cristo, converte-se e se torna um apóstolo, um
profeta até as últimas consequências.
Compreende-se que a comunidade é
a guardiã da Palavra, uma vez que permitir e proibir, ligar e desligar é
mandato direto do Senhor, seja para Pedro, instituído líder de sua Igreja (cf.
Mt 16,18-19), seja agora para a própria Igreja (cf. Mt 18,18). Mas esta Igreja
deve estar fundada na concórdia, seja no julgar, seja na oração; a concórdia no
seio da Igreja é sinal da presença de Cristo. Já não é mais a quantidade de
pessoas reunidas, que garante a eficácia da liturgia, mas o entendimento e a
concórdia dos que se reúnem; aí sim, o próprio Cristo se faz presente.
Louvado seja nosso Senhor Jesus
Cristo.
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