terça-feira, 11 de outubro de 2011

REFLEXÃO DA PALAVRA - XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A - 16/10/2011

XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM – 16/10/2011


PRIMEIRA LEITURA: Isaías 45,1.4-6
SALMO RESPONSORIAL: 95/96
SEGUNDA LEITURA: Tessalonicenses 1,1-5
EVANGELHO: Mateus 22,15-21

URGE ELIMINAR DE NOSSA VIDA, TODA A DIVERSIDADE DE FALSOS DEUSES, QUE NOS IMPEDEM DE TORNAR REALIDADE O PROJETO DO REINO, INAUGURADO PAELA ENCARNAÇÃO DO VERBO, NO TEMPO E NO ESPAÇO EM QUE NOS ENCONTRAMOS.

Inegavelmente, a preocupação maior das autoridades conservadoras judaicas, no tempo de Jesus era de manter a pureza da raça, por meio da cultura e das leis que se impunham ao povo, não importando se o resultado desta política fosse o da opressão, mesmo sabendo que a miscigenação e a perda da identidade cultural já era uma realidade por conta dos seguidos processos de dominação de outros povos, todos como pagãos, seja entre as fronteiras seja nas diásporas, quando o povo, em especial as forças produtiva e intelectual, eram levados como escravos ao centro dos impérios dominantes, de forma que, idosos, doentes, crianças e mulheres, permaneciam vulneráveis na sua terra, a todo tipo de violência. A Pérsia é um destes povos com ideais imperialistas, criado entre os séculos VI e IV a.C. e Ciro na realidade é o nome de vários reis, pelo menos três, da dinastia dos aquemênidas, que contribuíram para sua expansão. Isaías se refere a Ciro II, o Grande (600-529 a.C), fundador do império aquemênida-persa, ao derrotar Astíages (556 a.C.), conquistou também o império meda, depois Média, Líbia e Babilônia, quando começa sua relação direta com o povo hebreu, cativo então que estavam na Babilônia; é Ciro o Grande, do qual sabemos, libertou o povo e contribuiu diretamente pela reconstrução do antigo Israel, por isso mesmo é revestido de caráter messiânico, sendo considerado pelos contemporâneos hebreus, o ungido de Deus, é com este pensamento que Isaías se refere a Ciro, logo no primeiro versículo da primeira leitura de hoje: “Isso diz o Senhor sobre Ciro, seu ungido” (Is 45,1). No entanto Ciro é um pagão; diz os historiadores que ao mesmo tempo em que assimilava os costumes e as leis dos povos dominados por ele, contribuía para dar forma à cultura e civilização persa, sem deixar também de influenciar com sua cultura os povos que dominava; e é esta mistura que será evidenciada nas leituras deste domingo.
De fato, o Evangelho precisa ser anunciado a todos os povos para que o reino pensado por Deus se realize, para isso urge superar toda prática que gera divisão. Pensar Deus como princípio de unidade e única fonte de vida plena, sem que o divida com os nossos quereres, é um essencial exercício de fé, esperança e caridade, aquelas virtudes teologais que a doutrina católica nos testemunha e Paulo mesmo, insiste em caracterizá-las como base do trabalho missionário dos fieis, resultado do processo de evangelização, não no que se refere à simples divulgação das palavras, mas da ação autônoma e transformadora do Espírito Santo, sobre os que são escolhidos e que se dá a partir do kerígma, isto é, do primeiro anúncio, que antecede ao batismo no Espírito (cf. Ts 1,3-5). Somente de posse destas virtudes, o fiel pode escolher servir ao verdadeiro e único Deus, revelado plenamente não no pseudo-messias Ciro, o rei pagão, mas em Jesus Cristo, que se faz rei não pela força bélica e econômica, muito menos pela revolução política, mas sim, pelo amor que não nega o dever de obedecer a lei imposta, antes a supera, na força do Espírito; quem é verdadeiro e ensina o caminho de Deus sabe que a libertação se dá no campo espiritual, ainda que a materialidade deva ser configurada antecipadamente ao plano divino: “Daí a César o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21).
No coração, daquele que se encontrou definitivamente com o Cristo, deve estar estampado a figura daquele com quem se encontrou, de forma que somente a ele se deve servir, do contrário, se servirá aos interesses do mundo pagão, que possui outras divindades a disputar a primazia de nosso Deus, criador de todo o universo, inclusive destes deuses, se é que existem como relata o salmista: “Pois Deus é grande e muito digno de louvor, é terrível e maior que os outros deuses, porque um nada são os deuses dos pagãos. Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus” (Sl 95/96, 4-5).

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo

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