quinta-feira, 25 de novembro de 2010

REFLEXÃO DA PALAVRA: I DOMINGO DO ADVENTO - 28/11/2010

REFLETINDO A PALAVRA

1ª Leitura: Isaías 2,1-5
Salmo Responsorial: 121(122)
2ª Leitura: Romanos 13,11-14
Evangelho: Mateus 24,37-44 

KAYRÓS: “HORA DE DESPERTAR” (Rm  13,11)

Atentar aos sinais dos tempos está bem além de uma simples e superficial inteiração dos fatos extraordinários que se transmitem de forma sensacionalista na mídia atual. A simples posição de expectador é insuficiente para que se forme um cidadão pleno, com condições de absorver a informação recebida e emitir juízo destas informações, dos acontecimentos de nossa história, ou seja, discerni-los como sinais dos tempos.
A leitura de Isaías irá resgatar a temática da paz, não a paz no seu sentido reduzido de tranqüilidade, de não compromisso com o outro, mas o “shalom”, a paz na sua plenitude. Aqueles que se dizem convertidos a Deus, deve lutar por uma cultura de paz, de não violência e de promoção à vida, em primeiro plano à vida do outro; a minha vida deve ser instrumento de libertação, por isso o Senhor lembra àquele que, querendo preservar sua própria vida irá a perderá (cf. Mt 10,39.16,25; Mc 8,35; Lc 9,24.17,33), ao mesmo passo que, Isaías nos propõe transformar as armas em instrumentos de trabalho (Is 2,4). No mundo civilizado, não deveria mais ter espaço para atitudes como a das duas Coréias, apesar de divididas do ponto de vista da Ideologia política, ainda são parte de um mesmo povo, de uma mesma etnia; atitudes como esta, sem querer fazer apologia a qualquer dos lados, revelam a humanidade ainda no pecado e distante do Criador, ainda impregnada de soberba, considera-se maior do que Deus.

O Arcanjo Gabriel anuncia à Santa Maria que ela conceberá e dará luz a Jesus de Nazaré, Filho do Altíssimo. Arte sacra cristã: Pintura em madeira por Robert Campin, c. 1420-1440, Bruxelas. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Advento - Acesso em 25 Nov. 2010 às 07hs27min.
Por isso mesmo, a exortação de São Paulo: “... pois já é hora de despertar” (Rom 13,11), lembrando a referência a Isaias (26,19.60,1), também presente na Carta aos Efésios (5,14): “Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará”. Há uma preocupação latente com o despertar da fé a partir do discer2nimento acerca dos últimos acontecimentos, os quais apontariam para um fim escatológico, ou seja, para o juízo final. Mas antes de pensar no fim, o cristão deve optar por uma vida de radical seguimento ao Evangelho, o qual, por sua vez, reforça este apelo à preparação do inevitável: a hora em que o Filho do Homem virá. Cristo, o Verbo Divino que se encarna, fazendo-se homem, conforme Santo Irineu: “para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo, assim, a filiação divina, se torne filho de Deus” (Adv. Haer., III,19,1 in CIC-460). Com a manifestação do Cristo, os homens tende a ser cristianizados, mediante a livre escolha no seguimento e uma relação de profunda amizade com Ele.
Oremos: Ó Deus todo-poderosos, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos a sua direita na comunidade dos justos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Um ótimo Advento a todos!

sábado, 20 de novembro de 2010

REFLEXÃO DA PALAVRA

DIA 21/11/2010 – DOMINGO - CRISTO, REI DO UNIVERSO. 
  • 1ª Leitura: 2 Samuel 5,1-3
  • Salmo Responsorial: 121 (122)
  • 2ª Leitura: Colossenses 1,12-20
  • Evangelho: Lucas 23,35-45
“JESUS, LEMBRA-TE DE MIM QUANDO ENTRARES NO TEU REINADO” (Lc 23, 42)
A Sagrada Tradição atesta o nome de Dimas para o “bom ladrão”. Fato é que não existe pecado bom; o pecado imprime como consequência direta, a cisão definitiva entre Deus e o homem pecador, já que Deus não coexiste com o pecado.
O que então, leva Jesus a prometer a salvação a Dimas? “... Ainda hoje estarás comigo no paraíso” (v. 43).
A condição de estar pregados, cada qual a sua cruz é uma só, o pecado; diferentemente da condição de Jesus, condenado não por seus pecados, já que a própria autoridade romana não lhe tinha reconhecido nenhuma culpa, é de que os malfeitores que tinham sido crucificados, ao lado esquerdo e direito de Jesus eram responsáveis por seus próprios pecados, e isso era fato consumado e sabido; a morte certa seria fruto do pecado realizado em vida.
A novidade se apresenta, porém, na misericórdia concedida a Dimas justamente por compreender que a justiça estava sendo realizada por meio da condenação que sofrera, mas não somente isto; Dimas expressa uma profunda atitude de resignação, ao mesmo tempo em que questiona a condenação de Jesus: “Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele nada fez de mal”. No alto de sua cruz, Dimas reconhece não somente sua pequenez e miséria, mas, sobretudo a grandeza do gesto de Jesus que inocente, se entrega como vítima expiatória, para a salvação dele e de todos os que o seguirem: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reinado”.
Contemplando o sofrimento de Jesus, Dimas compreendeu que o reino já havia sido instaurado e que o próprio Jesus assumira a condição de Rei supremo. A resposta não seria outra; Jesus é incisivo, do alto da cruz dá uma lição à humanidade que não reconhece o senhorio do Cristo, esta, representada na pessoa do outro crucificado e de todos aqueles que O ridicularizavam.
A possibilidade de se lembrar de alguém está intrinsecamente relacionada ao conhecimento deste alguém, e, conhecer, é pressuposto do ato de amar: só se ama a quem se conhece; Dimas amou Jesus no cume de seu justo sofrimento, e Jesus não o desamparou, retribuiu o amor recebido, restabelecendo-lhe a íntegra dignidade de Filho de Deus e restaurando-o do pecado, sem que para isso tivesse de livrá-lo do sofrimento, e isso, é próprio de Deus, é próprio de um verdadeiro Rei.

Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino!!!
Oremos: Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo.
Fraternal abraço e um santo domingo a todos e todas.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

AREÓPAGO: LUGAR DE ENCONTRO ENTRE A FÉ E A RAZÃO.

Na segunda fase que seguiu ao surgimento do Cristianismo, entre os anos 43 a 65 D.C. (depois de Cristo), a fase denominada apostólica, marcada, sobretudo, pela difusão do Evangelho por aqueles designados como testemunhas oculares da história da salvação, em especial, a primeira e segunda geração dos discípulos de Cristo, e consequentemente, da formação das primeiras comunidades cristãs, dado a partir do Concílio de Jerusalém (outono/51), o primeiro da história da Igreja, descrito no capítulo 15 de Atos dos Apóstolos, e que marca de forma sistemática a evangelização dos povos gentios, os de origem pagã, colocada sob responsabilidade do Apóstolo Paulo, que continuando sua missão evangelizadora, é levado a Atenas da Grécia, berço da do pensamento filosófico. Ali, é convidado, após ouvi-lo pregar na única sinagoga, a expressar suas idéias no “Areópago”, palavra deriva do grego: “ρειος πάγος“, tradução fonética: “Áreios Pagos”, um conselho de magistrados, antigo tribunal ateniense, que se reunia em uma colina do mesmo nome, instituído segundo a crença, pela deusa Atena, protetora da cidade, e por ela, consagrada a Marte. O Areópago era composto por sábios, magistrados, literatos, homens ilustres, membros da aristocracia ateniense, responsáveis pelos diversos aspectos do governo da cidade, inclusive, a condução das forças militares.

Paulo em Atenas
Segundo o relato bíblico o povo ateniense não se ocupava de outra coisa senão a de falar e ouvir as novidades, os pensamentos, e para isso se reuniam em praças públicas; o Areópago, além ser um tribunal em que se julgavam os delitos mais pesados como o assassinato premeditado, prescrevendo aos condenados a devida pena, e também uma instância de decisão do governo ateniense, pelo que parece , tornou-se também um fórum de debates aberto a novas filosofias e crenças, segundo o costume da população.

Julgamento de Sócrates (470-399 a.C.) no Areópago
Neste ambiente, Paulo argumenta sua fé num Deus monoteísta, único e soberano, apegando-se a uma pequena inscrição, em meio à diversidade de deuses: “A um Deus desconhecido” (At 17,23). Segundo Paulo este mesmo Deus, criador do céu de da terra, e que habita não em templos feitos por mãos humanas, mas em seu próprio ser. Este Deus que por amor ao homem envia seu próprio Filho para resgatá-lo do pecado e da morte, exige simplesmente a conversão e o arrependimento, e dá como garantia a ressurreição a todos os que seguirem o Cristo.


Pregação de Paulo aos Atenienses
A Idéia da ressurreição remete ao fracasso da missão de Paulo, que interrompido em seu discurso se afasta; interessante ser esta, a primeira vez que Paulo não é agredido por causa de suas palavras, apenas é convidado a se retirar do parlamento. O povo ateniense, fundado na perspectiva da razão, não concebia a possibilidade de um julgamento divino, superior ao já instituído, capaz de julgar seus atos e impor uma pena pelos delitos, os quais, Paulo apontava como idolatria.

Assim surge a idéia deste espaço, o de ser um fórum onde possamos argumentar sobre nossa fé, em meio à diversidade de opiniões, na grande maioria, fundada unicamente no racionalismo contemporâneo.

Por isso, queridos irmãos, este fórum também é seu, participe, dê sua opinião, questione. Seja também um evangelizador neste novo areópago.

Fraternal abraço.