NATAL DO SENHOR JESUS (DIA) – ANO B – 25/12/2011
1ª Leitura: Isaías 52,7-10
Salmo Responsorial: Sl 97(98)
2ª Leitura: Hebreus 1,1-6
Evangelho: João 1,1-18
NATAL: DEUS SE LANÇA À INICIATIVA DE RESGATAR O GÊNERO HUMANO
Eis Natal de novo! Ao mesmo tempo, única e irrepetivelmente, a manifestação divina se torna uma possibilidade real para toda a humanidade de reencontrar-se com sua transcendência. Não é, pois, uma repetição de um ritual que ocorre a cada ano; é sim, um processo de evolução onde cada ser humano está inserido com o simples propósito de se tornar melhor. Neste sentido a Liturgia é maravilhosa!
Compreendi esta dinâmica da fé a partir de um encontro de formação sobre liturgia em que se apresentou esta evolução como a subida a um monte, não em linha reta, mas, cincurdando-o, a fim de que esta subida tornasse menos cansativa; desta forma, a vida vai se passando e podemos durante toda a vida, subir este monte contemplando a visão do horizonte, que por sinal, nunca será a mesma. É assim que se dá este processo de evolução na fé até chegarmos à conquista do topo, o ponto mais alto e nosso fim, o Reino que Deus nos preparou. Não é fácil, e nunca se falou que seria; este processo requer de nós, sobretudo, abertura de mente e coração, e perseverança, principalmente nos momentos de fragilidade quando a fé fica abalada.
Hoje, e somente hoje, quer dizer, neste instante, e não em outro, seja no passado, seja no futuro, nos é dada a oportunidade de um profundo relacionamento com Deus, relacionamento este, em nada igual à experiência humana sobre relações; algo completamente novo, que implica uma fusão, uma comum-união entre aquele que criou e quem foi criado, formado então um novo corpo e um novo espírito; este é o mistério que nos cerca. A todos os seres humanos foi dada a luz, que o evangelista João, movido por uma compreensão a qual transcende sua razão, testemunha: “Ele (João Batista) não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo o ser humano” (Jo 1,9). Ora, todos os homens – e mulheres obviamente – sem exceção, foram e continuam sendo, iluminados pela luz; esta luz que é a Palavra – o Logos – o Verbo, e que é fonte primária de vida; o mistério da encarnação assim nos revela. Porém, nem todos os que foram iluminados são capacitados a se tornarem “Filhos de Deus” (cf. Jo 1,11-12); somente aos que acolheram a luz; aos que acolheram a Palavra em suas mentes e corações foi dada esta graça, a de viverem na plena comunhão com Deus; de ser com ele um.
E como podemos saber quem acolheu e quem não acolheu a Palavra, a luz, a vida, se não nos cabe julgar nosso próximo? O evangelista mesmo nos responde: “E nós contemplamos a sua glória...” (cf. v. 14); sem dúvida, a contemplação transforma nosso comportamento; não há como ver a luz e contemplá-la, resistir ao encantamento desta luz; certamente, aquele que passar por esta experiência, transformado defenderá e promoverá em todas as circunstâncias a vidas em detrimento da morte, que em nada tem a vem com nosso Deus maravilhoso.
Que neste Natal, em que a Luz, a Palavra, a Vida se manifesta mais patente aos nossos sentidos, possamos verdadeiramente acolher em nossa vida, o Deus que vem, e nos deixar que esta graça nos torne melhores e felizes.
Paz e bem a todos e todas e um feliz, santo e eterno Natal!
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