sábado, 10 de março de 2012

REFLEXÃO DA PALAVRA - 3º DOMINGO DA QUARESMA - ANO B - 11/03/2012 - JESUS CONHECE A TODOS E NÃO PRECISA SER INFORMADO A RESPEITO DO SER HUMANO (Jo 2,24b-25a)

3º DOMINGO DA QUARESMA - ANO B - 11/03/2012
(Roxo, Creio, III Semana do Saltério)

1ª Leitura: Êxodo 20,1-17
Salmo Responsorial: Sl 18, 8.9.10.11 (R Jo 6,68c)
2ª Leitura: Coríntios 1,22-25
Evangelho: João 2,13-25

JESUS CONHECE A TODOS E NÃO PRECISA SER INFORMADO A RESPEITO DO SER HUMANO (Jo 2,24b-25a)

Embora o mistério da encarnação do Filho tenha solucionado uma carência na relação entre Deus e os homens, a carência do pleno conhecimento, fundamento de qualquer relação, sobretudo a relação do puro amor, capaz de reaproximar o Criador de sua criatura, a humanidade, sujeita desde o princípio às investidas do mal, por conta de sua natureza marcada pela corrupção da matéria e à morte como consequência, não a morte física em si, mas a morte como isolamento em relação a Deus, que é vida.
Os Dez Mandamentos, descritos, no livro de Êxodo (1ª Leitura), e reafirmado em Deuteronômio 5,1-21, cumpre a função didática de proteger a humanidade, representada na Escritura pelo povo escolhido, das tentações aos pecados comuns à natureza humana, pois Deus sabia da fragilidade humana; a manifestação divina na elaboração das Leis do Decálogo é então, uma manifestação de amor, amor de Pai para com seu filho. No tempo e no espaço onde a sobrevivência é colocada em risco, os meios para alargar o tempo de vida, nem sempre são meios morais, tampouco, éticos. É neste contexto que as Leis são formuladas, para garantir uma convivência mínima suportável na relação com o semelhante.
No entanto, dotado da soberba original, a Lei com o tempo, vai perdendo sua força e seus propósitos vão sendo transformados para atender aos poderosos, uma vez que a Lei não é perfeita; sabemos mesmo hoje que a Lei está sujeita a diversas interpretações; a mesma Lei que condena pode absolver, conforme a retórica utilizada pela defesa e pela acusação. A Lei no tempo de Jesus estava sendo utilizada para proteger as estruturas de poder, fundadas no templo e na religião de sua época, ao mesmo tempo em que era instrumento de dominação para a manutenção da política imperialista que Roma exercia sobre todo o povo, que vê em Jesus a esperança da libertação. Como a libertação não é interesse de todos, apenas dos excluídos do sistema, ou seja, a parte do povo que se via obrigado, pela Lei, a se dirigir anualmente ao centro do poder para oferecer seus sacrifícios; para os que detêm o poder e usufruem dos benefícios deste sistema, Jesus era apenas um estorvo, pois a corrupção se tornara parte da cultura, assim como vemos hoje em nossa sociedade. É este contexto que Jesus encontra no templo e que o deixa transtornado; a promessa que faz é de construir uma nova realidade, não a partir da destruição do sistema, ou de uma guerra, como pretendiam os messiânicos da época, mas através do ato de amor que realizaria no tempo oportuno de sua consumação. A Lei cede espaço para o amor, que se apresenta muito mais eficiente; enquanto a Lei exige a libação do sangue de uma vítima animal, portanto imperfeita e temporal, o amor maior se doa em sacrifício perfeito e perpétuo ao qual sacrifício nenhum será equiparado, e a redenção completa, quando o sistema antigo embasado na Lei é então destruído como preverá Jesus.
Façamos parte deste novo templo que é o corpo e sangue de Jesus, que tem como fundação o Divino Amor.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

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