domingo, 4 de março de 2012

REFLEXÃO DA PALAVRA - 2º DOMINGO DA QUARESMA - ANO B - 04/03/2012 - HÁ QUE DESCER A MONTANHA E POR A MÃO NA MASSA


2º DOMINGO DA QUARESMA - ANO B - 04/03/2012
(Roxo, Creio, Prefácio próprio, II Semana do Saltério)

1ª Leitura: Gênesis 22,1-2.9a.10-13.15-18
Salmo Responsorial: Sl 115,10 15.16-17.18-19 (R. Sl 114,9)
2ª Leitura: Romanos 8,31b-34
Evangelho: Marcos 9,2-10

HÁ QUE DESCER A MONTANHA E POR A MÃO NA MASSA
  
É verdade que, em se tratando de ação evangelizadora, há uma exigência básica que se faz, a de nos transpor do campo ideológico para a práxis libertadora, sob o risco de esvaziar, de reduzir o discurso ao fracasso e à decepção.

Não é fácil à nossa compreensão, superar a abstração e transformar em ação, conforme nos exige o Evangelho, a fé que recebemos em obras, de forma articulada, de tal modo que resulte em libertação; oração pressupõe, não só a relação transcendente com o sagrado, mas, a partir desta, um esforço quase que sobrenatural, do convertido, no sentido de materializar esta fé em ações que de fato promovam a vida em sua totalidade e sem condicionantes, ações estas, dirigidas, sobretudo, aos mais pobres e necessitados da sociedade excludente.

O episódio da transfiguração coroa a mensagem que a liturgia deseja nos transmitir neste domingo. Inicia-se com a atitude de obediência extrema que Abraão se submete ante o pedido estremo do Senhor: “Abraão... Toma teu filho único, Isaac, a quem tanto amas, dirije-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto” (Gn 22,1-2), atitude que demonstra, por parte de Abraão, uma atitude ímpar de confiança à providência divina, particularidade de quem possui uma profunda amizade com Deus. Mas só a Deus será exigido a plenitude do sacrifício de seu único Filho, e isso se realizará na cruz, não para a redenção de um só homem, mas de toda a humanidade, pra não dizer de toda a criação; Deus não é um Deus cruel, que para nos libertar do mal, exigirá de nós o sacrifício pleno: a expiação de todos os nossos pecados; é ele mesmo quem se colocará em sacrifício eterno e supremo; Deus está conosco e não haverá acusador algum neste mundo capaz de exigir seus direito sobre nós, que tendo-nos tornado filhos de Deus por adoção, seremos doravante objetos de amor deste nosso Deus. A transfiguração é pois, a revelação antecipada deste amor que Deus sofre por nós, que se fundamenta na Palavra e no encontro, encontro que temos antes de tudo conosco mesmo, pois só se encontra com Deus quem se encontra consigo mesmo, e depois com a realidade transfigurada.

Mas veja bem, a tentação de se omitir, de empreitar uma fuga da realidade que iremos encontrar ainda não transfigurada, pode nos levar a perder a graça da ressurreição que nos é dada gratuitamente; devemos, após nos abastecer das graças que provém da relação com o sagrado, por meios das orações, do encontro com o outro e da recepção dos sacramentos, enfrentar as nossas misérias, aquelas, que ofusca a revelação divina, para então podermos transfigurá-las, e assim ser feliz completamente; uma felicidade que não se esvazia nunca, isto é estar eternamente na presença do amor.

Transfigurar nossa realidade nada mais é do que, reverter o contexto que fragiliza a nossa dignidade de seres humanos, criatura de Deus, em Jesus, elevados à filiação divina. Esta realidade, a qual nos gera medo e insegurança nos afasta do Criador e da vida, por meio de nossa contribuição responsável e concreta é então, transformada, dando-nos vencer todos os males e obstáculos à salvação.

Que o Senhor transfigurado, se revele a cada um dos que se optaram pela prática restauradora do amor.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

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