sábado, 9 de abril de 2011

O INFANTICÍDIO DE REALENGO


Ainda me recordo dos debates acalorados por ocasião do plebiscito que determinaria a proibição de armas em nosso país. Como membro leigo da Igreja, via a dificuldade em defender que as armas de fogo deixassem de ser expostas e vendidas como se fossem carnes no açougue, como acontece até hoje, reflexo de uma cultura que no transcorrer da história de nossa sociedade foi aprendendo a banalizar a vida e a valorizar o lucro. Armas de fogo têm sua razão de existir unica e exclusivamente para tirar a vida do outro; é deprimente que alguém ainda queira ter lucro com este fim, mas a essência do capitalismo é o lucro mesmo acima da vida.

Agora, com o triste episódio de Realengo (07 de abril de 2011), volta a se discutir novamente a proibição do comércio livre de armas, o que é e sempre foi coerente numa sociedade que deveria promover a vida.


O que me enoja é a hipocrisia e a ignorância de nossa sociedade, que espera o pior aconteça para se mobilizar e exigir novos paradigmas sociais; é triste saber que crianças e indefesos precisam sacrificar a vida para que a sociedade enxergue a realidade, abra a mente e exija mudanças; ainda assim duvido e temo que esta reflexão seja momentânea e superficial; daqui a alguns dias teremos esquecido mais esta tragédia histórica, isto é que manchou a nossa história e nos colocou no rol dos países emocionalmente desequilibrados; Aliás, parece que desenvolvimento científico e econômico está pareado com desequilíbrio psíquico-emocional; e armas continuarão sendo compradas e vendidas para que outras vidas sejam abatidas.

Um abraço desolado a todos e a todas.

Fotos: "Homenagem às vítimas do massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira", em Realengo. Disponíveis em: http://estadao.br.msn.com/fotos/galeria-de-fotos.aspx?cp-documentid=28234560

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