sábado, 8 de janeiro de 2011

A DEGRADAÇÃO DO AMBIENTE ESTÁ NA PRIMAZIA DO LUCRO SOBRE A VIDA.

 
Motta, R. A degradação do ambiente está no ar. Jornal Correio Popular, Campinas(SP), p. A3, 6 jan. 2011.

 A DEGRADAÇÃO DO AMBIENTE ESTÁ NA PRIMAZIA DO LUCRO SOBRE A VIDA.

O editorial do Correio Popular de Campinas, em sua edição do último dia 06 de janeiro, aborda um problema que interfere diretamente na qualidade de vida das pessoas e no bem estar de toda a sociedade: a degradação do meio ambiente, sentido mais diretamente pela má qualidade do ar que respiramos, por conta da poluição oriunda em grande parte, da “expansão das atividades industriais e aumento exponencial da frota de veículos”.
É sabido, desde o advento da Revolução Industrial, que o desenvolvimento traria consequencias não muito positivas para o meio ambiente, apesar de que propiciaria ao homem um maior conforto e uma nova dinâmica produtiva, marcada principalmente pelo surgimento da tecnologia, que permitiria uma maior agilidade dos processos e consequentemente um aumento da lucratividade.

Dias atrás recebi na minha caixa de mensagens eletrônicas, um e-mail contendo algumas orientações do bem aposentado Bill Gates, sobre como ser bem sucedido nos negócios. Mesmo na dúvida, se tais considerações provinham mesmo do ex-dono da Microsoft, acabou me chamando a atenção uma frase: “Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição, antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone”. Tal frase revela a importância de se utilizar da tecnologia, ou seja, para ser alguém no mundo, o indivíduo precisa ao menos ter um carro e um telefone. Bem sabemos que carro, telefone, celular, computador, avião, internet, são patrimônios mais eloquentes do desenvolvimento industrial idealizado pelo capital, por isso mesmo, hoje, uma necessidade de sobrevivência.



















Por outro lado, há uma forte inculturação do status e da ostentação no indivíduo moderno, mesmo que seja para contemplar uma aparência; é improvável que um consumidor final compre um carro zero para deixá-lo guardado na garagem enquanto utiliza o transporte coletivo; para disputar com esta preferência inculturada, o serviço de transporte coletivo deveria ser de ótima qualidade, de quantidade suficiente para que não se perca tempo; na dinâmica atual da sociedade, tempo é dinheiro; ao mesmo tempo, mais barato do que se gastaria no mesmo trajeto utilizando o veículo particular; calcule quanto se paga uma família de quatro pessoas para se deslocar (ida e volta) até o centro da cidade, se não compensa imensamente ir de carro. O grande número de veículos nas ruas denuncia a ineficiência do serviço público de transporte e revela não mais do que a simples preferência de quem necessita se locomover.

Políticas alternativas de transporte poderiam ser priorizadas, como por exemplo, a construção de ciclovias e uma forte conscientização para que a população utilizasse como meio de transporte, bicicletas, a exemplo do que acontecia há tempos atrás na China... Evidentemente que, a indústria automotiva, carro chefe da produção industrial, não ficaria muito contente; acredito também que a indústria de combustível também não ficaria feliz, assim como as permissionárias do transporte público e até mesmo a administração pública seria prejudicada, com a diminuição dos impostos e outras ameaças que a indústria se utiliza quando entra em crise. Afinal de contas, não tem outra razão de existir de uma indústria, se não for se auto-sustentar e gerar lucro aos seus proprietários, acima inclusive do bem estar dos colaboradores e da população que se aglomera ao seu redor; lembra da Shell no caso da contaminação do solo em Paulínia?


Há tempos a indústria deixou de se fundamentar sua existência, na razão social; a consequência é o esgotamento dos recursos naturais e a falência do ecossistema, tão evidentes nos dias atuais. Iniciativas como as realizadas na Paróquia São Marcos, O Evangelista, no Jardim São Marcos e bairros vizinhos, Região do Amarais, no início da Primavera de cada ano, o projeto “Vamos Florir Nossos Jardins”, idealizado Pe. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio, premiado inclusive, pelo consórcio RAC-SANASA (2009 – PRATA – 3º SETOR), consiste numa campanha de arborização e conscientização da população, têm contribuído não só, para a diminuição da poluição, numa região bastante crítica, rodeada por três rodovias, e não distante das grandes indústrias poluidoras, mas também no resgate da auto-estima do povo e da vontade de viver e viver bem.

O caminho do desenvolvimento humano é caminho sem volta, tal desenvolvimento deve estar sempre a serviço da vida e do bem estar de todos; as mudanças que ocorreram e que ocorrerão no futuro, sem dúvida, “influirão sobre todos os aspectos do meio ambiente e sobre o bem-estar da sociedade, de maneira especial no que diz respeito aos pobres” (IPCC, "Climate Change 2001, The Scientific Basis", 2001); toda inteligência e tecnologia devem ser utilizadas para amenizar o sofrimento dos mais necessitados e daqueles que ainda estão por vir ao mundo.
FRATERNAL ABRAÇO!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário