quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O CUIDADO ÉTICO COM OS MAIS FRAGILIZADOS NA SOCIEDADE

A Lei complementar nº. 32 de 23 de dezembro de 2010, sancionada pelo Prefeito de Campinas (SP), Dr. Hélio de Oliveira Santos, instiga ao debate sobre a situação específica de abandono a qual os idosos estão sujeitos, vale ressaltar que, a sociedade que não valoriza seus idosos é uma sociedade sem história e sem identidade, e por isso mesmo, de futuro incerto.
Não é de hoje, temos testemunhado a degradação da dignidade, não só do idoso, mas de todo o gênero humano, em particular, daqueles em situação de maior fragilidade; diariamente, as páginas deste jornal mesmo, nos relatam casos de desrespeito e violência, que nos mantém indignados, e ao mesmo tempo, nos faz sentir impotentes na busca de soluções de nossos problemas.
A sociedade contemporânea, fundada no individualismo e na competição, muito bem expressada nos diversos “realities” que a televisão nos tem apresentado, inclusive com expressiva audiência, tem caminhado sutilmente para a banalização das relações interpessoais, do cuidado com o outro, da alteridade; percebe-se muito claramente que o outro, com sua vida, seus problemas e dificuldades, não tem mais importância, pelo contrário, este pode se tornar para mim um estorvo, algo que atrapalha a minha vida e meus planos; eliminá-lo tornar-se ia então a saída; infelizmente este é o pensamento que gradativamente vem tomando corpo na sociedade, a qual, não poucas vezes se orgulha em declarar-se laica, ou seja, divorciada de Deus. Daí é que surge o grande índice de exclusão social que temos nas mais variadas formas: pessoas morando nas calçadas; crescimento alarmante do número de abortos e abandono de crianças e idosos.
Evidentemente que, para reverter este triste quadro social, haveria de se mudar a consciência ética de toda a sociedade, reaprender a viver comunitariamente, conscientizando-se de que a vida depende da relação fraterna entre as pessoas, redescobrindo, primeiramente, o valor de si mesmo; conhecendo e amando a si, poder-se-á amar e valorizar o outro; fazemos parte de uma rede de relação vital da qual, ao mesmo tempo, dependemos do outro enquanto este também depende de mim. Esperar que a transformação da dura realidade por meio de decreto ou lei, é no mínimo, acomodar-se e, exaurir-se de cidadania... O que muda nossa realidade não é a lei, é a consciência das pessoas que se desenvolve a partir de experiências adquiridas inclusive, no relacionamento com o outro.
Cuidar dignamente do idoso, do nascituro, da criança, do adolescente, do doente, do pobre..., é favorecer o desenvolvimento da vida, fortalecendo-a... Certamente, isto terá consequência positiva não só na pessoa, mas numa sociedade-nação mais justa, fraterna e soberana, desde que não seja por imposição de lei antes que pela manifestação pura do amor.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
ZOBOLI, Elma. Cuidado: no encontro interpessoal, o cultivo da vida. Revista Vida Pastoral, São Paulo: Paulus, jan/fev 2011, ano 52, nº 276, pgs. 6-12.

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