sexta-feira, 30 de setembro de 2011

REFLEXÃO DA PALAVRA - XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A - 02/10/2011

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM – 02/10/2011

PRIMEIRA LEITURA: Isaías 5,1-7
SALMO RESPONSORIAL: 79/80
SEGUNDA LEITURA: Filipenses 4,6-9
EVANGELHO: Mateus 21,33-43

O MUNDO QUE VIVEMOS É ESTA VINHA, A QUAL NOS FOI CONFIADA PARA QUE SE PRODUZAM FRUTOS DE JUSTIÇA, PAZ E FELICIDADE

O mundo é esta nossa casa, a grande casa de todos, e que, os gregos denominam “oîkos”, onde se congrega toda a criação numa única família caracterizada, sobretudo, pela diversidade, de espécie, raça, gênero, cultura e gostos variados, é portanto, nosso domicílio, onde todos nós somos inseridos pela vontade e providência divina para fazer com que a vida seja promovida em toda a sua plena dignidade. Ninguém que se encontre nesta casa é fruto do ocaso, muito menos de um acidente de percurso ou ainda, um estorvo, um incômodo, ao contrário, todos tem seu valor e merecem ser respeitados como uma obra de criação do Todo Poderoso; o termo ecumenismo de origem grega: “οκουμένη” (oikouméne), designa “toda a terra habitada”, e condiz com aquilo que descrevemos acerca da terra como nossa habitação, a habitação de todas as criaturas do cosmo. Deste modo, não é correto e nem ético que se trate o semelhante com injustiça, relegando-o o direito de viver plenamente sua vida, contrariando o plano de Deus de igualar todos a sua santidade.

Por mais que se omitam as injustiças sociais com propagandas que demonstram uma sociedade equilibrada e equitativa, prospera e pacificada, nos momento que marcam as tragédias, estas injustiças são colocadas em evidência, uma vez que são os pobres aqueles que, fragilizados por sua condição financeira, estão mais expostos aos sofrimentos que delas provém; são os barracos de madeira nas favelas que são consumidas pelo fogo, como no incêndio ocorrido na zona sul de São Paulo, no começo do mês, e não os casarões do Morumbi; são os barracos construídos nas margens dos córregos que são levados pelas enchentes, na época das cheias, que pouco a pouco se aproxima novamente; são os pobres do sertão do Brasil e de tantas regiões do mundo que sofrem a falta de água e alimento, onde populações de crianças  são consumidas lentamente pela sede e pela fome, e morrem porque são pobres. Estes são os frutos amargos, produzidos pelo desenvolvimento humano, nesta vinha pelo Senhor preparada na esperança de bons frutos surgissem; é isto mesmo, o Senhor não desiste do ser humano, ainda que pense em abandoná-lo a sua sorte, é capaz de se entregar totalmente para resgatá-lo, e o faz não mais enviando mensageiros, profetas, mas o faz ele mesmo, assumindo a condição humana de forma a ele mesmo experimentar a fragilidade no seu âmago. Esta vinha tem alguém que a toma para si, um proprietário, e é o próprio Deus, que nos ensina a administrá-la com seu próprio testemunho, dando sua vida por ela: “Finalmente lhes enviou seu filho, pensando que o respeitariam” (Mt 21,37). Somos nós os frutos desta vinha, quer doces, quer amargos, nós somos também, herdeiros desta vinha, e devemos fazer dela a melhor casa possível para que todos vivam com dignidade, esta é a condição fundante para que a graça divina aconteça; agir contrariamente é optar pela própria destruição desta casa.

Paulo, escrevendo aos Filipenses, acaba por nos dar as diretrizes para reverter esta conjuntura desfavorável de exclusão e morte, que teima acompanhar a nossa história; não é com revoltas que se fundam em revoluções político-partidárias, mas com dignidade e liberdade de filhos e filhas de Deus – “Nada vos preocupe” (Fl 4,6) e na relação de amizade com este Deus que é Todo Poderoso e tudo realiza por meio de sua infinita misericórdia, que supera a razão humana.

 
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Jesuel Arruda
Leigo, Formado em Teologia pelo Centro Universitário Claretiano
Ministro Extraordinário da Palavra na Paróquia São Marcos, O Evangelista
Arquidiocese de Campinas/SP

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