sábado, 21 de janeiro de 2012

REFLEXÃO DA PALAVRA: 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B – 22/01/2012: O DISCÍPULO NASCE A PARTIR DA AUTÊNTICA COMUNHÃO

3º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B – 22/01/2012
(Verde, Glória, Creio, III Semana do Saltério)

1ª Leitura: Jonas 3,1-5.10
Salmo Responsorial: Sl 24,4ab-5ab.6-7bc.8-9 (R. 4a.5ª)
2ª Leitura: 1Coríntios 7,29-31
Evangelho: Mc 1,14-20

O DISCÍPULO NASCE A PARTIR DA AUTÊNTICA COMUNHÃO
Diferentemente do Evangelho de domingo passado, onde João nos apresenta Jesus iniciando seu ministério, convidando-nos a fazer uma experiência relacional de amor com ele, a partir de um questionamento, que na realidade expressa o anseio por conhecer a Deus mais intimamente, e estar com ele, e que considero para esta humanidade, de tantas outras prioridades, um eterno sofrimento: "Onde moras?", a qual Jesus responde com um convite, que adentra aos olhos e atinge nosso interior: "vinde ver", isto, numa literatura revestida da mística transcendente, isto é, de uma espiritualidade excepcional, em que se busca evidenciar o Cristo numa perspectiva descendente, a partir de uma revelação mais abstrata do ponto de vista da razão, no testemunho que se origina a partir desta experiência e na missão que se assume a partir da conversão, evidenciada pela mudança do nome do neo-discípulo, o Evangelho de Marcos, assim como os de Mateus e Lucas, aos quais, agrupados, denomina-se com o termo "sinóticos", pois são bastante semelhantes, apresentam Jesus numa perspectiva ascendente, por isso, sua epifania possui um caráter mais histórico, e evidencia a caminhada que se inicia logo após o batismo. Agora, não é preocupação primária deste último evangelista, evidenciar a mística, a natureza divina do Cristo, mas de evidenciar sua natureza humana, a qual faz parte intrínseca de sua essência e não se pode descartar de forma alguma, aliás, de fato, tem sua importância, haja visto encontrarmos três testemunhos deste modo de compreender nosso Senhor Jesus Cristo. O Evangelho de João, assim sendo, torna-se um essencial complemento aos três primeiros evangelhos, que, aliás, não esgotam àquele anseio ao qual temos de buscar a Deus, por isto que a Igreja insistentemente e contra a ideia secular, continua percorrer este caminho ao Reino já inaugurado, mas ainda em processo de construção.
Esta construção do Reino, passa pela conversão, isto é, por uma mudança radical do modo de pensar a vida e do jeito de vivê-la. No Evangelho de Marcos, esta prática está diretamente relacionada com as ações do dia a dia, nas tarefas que exercemos; é justamente no lugar em que trabalham, em meio às atividades, que Jesus lança o chamado, e caberá a uma de-cisão dos destinatários a assumir e fazer acontecer a transformação, a qual implica consequências nas relações pessoais, e que, a nosso ver, humano, trazem perdas expressivas: a segurança do trabalho e do ambiente familiar, os amigos, de prestígio e ascensão social, etc. De fato, seguir Jesus nem sempre é cômodo para o discípulo, requererá deste, um profundo amadurecimento na fé, e isto será uma conquista que se dará a partir de uma aproximação mais íntima com Jesus; vejam que aqui nos aproximamos da visão joanina.
Na Primeira Leitura de hoje, também Jonas, precisa ter seu momento de aprofundamento na relação com Deus, e isso, o escritor sagrado irá expressar na metáfora em que Jonas se encontra no interior da baleia, e que não é colocado no texto litúrgico de hoje, mas precisamos fazer esta ligação, pois é contextual e importante para nossa reflexão; só a partir desta experiência é que Jonas terá condições de realizar sua missão: de anunciar a mensagem da salvação aos ninivitas, que mais parecem a nossa forma de viver a sociedade, preocupados muito mais com as coisas deste mundo do que com a própria felicidade, no seu amplo sentido, coisas que, aliás, passam, conforme denuncia o apóstolo Paulo na Segunda Leitura. Paulo também é feliz na sua missão profética por não encerrar na denúncia. Assim como Jonas, ele nos anuncia que o tempo da conversão é o agora; não se encontra perdida no passado de nossa história, nem no futuro de nossa existência. Nossa vida se constrói pelas ações de caridade que realizamos hoje, em favor e gratuitamente ao outro; é o que nós chamamos de "kairós", não há mais tempo e nem porque esperar para fazer o bem.
O chamado que Jesus realiza aos primeiros discípulos, é o mesmo chamado que hoje nos dirige. É pena que muitos de nós, preferimos ficar no interior da barriga da baleia, fazendo de conta que não temos a menor responsabilidade com os acontecimentos infelizes que fazem parte da nossa história, uma história de sofrimento e dor, principalmente àqueles que se encontram mais marginalizados, sem a mínima chance de se libertar da exclusão a que são submetidos, que mata o ser, e continua a mata Deus.
Mostrai-nos, ó Senhor, vossos caminhos vossa verdade nos oriente e nos conduza!
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

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