sexta-feira, 27 de maio de 2011

A EXPERIÊNCIA DE VIVER NO ESPÍRITO


6º Domingo da Páscoa – Ano A – 29/05/2011
Cor: Branco – II Semana do saltério

1ª Leitura: Atos dos Apóstolos 8,5-8.14-17
Salmo responsorial: 65(66)
2ª Leitura: 1 Pedro 3,15-18
Evangelho: João 14,15-21

A EXPERIÊNCIA DE VIVER NO ESPÍRITO

Biologicamente falando, o ser humano e todos os seres vivos, de alguma forma, dependem do Oxigênio para sobreviver. Este elemento está presente, tanto no ar, como na água, sempre associado a outros elementos necessários à vida, ou não.
De qualquer forma, não vemos o Oxigênio; a água, nós vemos e sabemos que está presente, já o ar de fato não podemos ver, mas podemos sentir através dos ventos e mesmo no ato de respirar; incontestavelmente ele está lá, inclusive ocupa volume no espaço; o ar tem peso, portanto existe.
Com tal comparação, podemos por analogia, compreender a existência do Espírito Santo, obviamente que, na perspectiva de quem acredita nesta realidade, ou seja, no Espírito Santo como natureza divina, ao mesmo tempo distinta e consubstancial ao Pai e ao Filho, na relação trinitária, dado a doutrina cristã anunciada (cf. CIC-252). Não se poderia compreendê-lo, portanto, sem a sua presença; ainda que não seja visível aos nossos olhos carnais, podemos senti-lo, por meio dos inúmeros sinais que são realizados não só na pessoa, mas também e, principalmente, na comunidade que se abre à sua ação santificante; este sentir provém particularmente da fé que se aplica ao mistério.
De posse então da certeza de que o Espírito Santo não é uma abstração, e sim uma realidade presente na vida do fiel e de toda a comunidade eclesial, é que podemos então refletir a Liturgia deste VI Domingo da Páscoa.
Felipe, ungido pelo Espírito Santo, sai a anunciar o Evangelho aos samaritanos, um povo que se encontra à margem de Jerusalém, portanto, excluído até então, do anúncio da Boa nova por conta da infidelidade; A Samaria, constantemente dominada por povos pagãos sofrera na sua história, a inculturação destes povos, que inclui o culto às divindades pagãs, daí o preconceito que gera toda a exclusão. Ao assumir a missão de evangelizá-los Felipe inicia um processo de conversão, no entanto, a purificação dos samaritanos se daria não somente com o batismo de conversão concedido mediante o acolhimento da Palavra e carregado de sinais extraordinários: “De muitos possessos saíram espíritos maus [...] numerosos paralíticos e aleijados também foram curados” (At 8,7), o que demonstra a força do sacramento, mas se daria mediante a efusão do Espírito Santo pela imposição das mãos de Pedro e João, o que dá a entender, ser necessário para que a conversão seja completa.
Chama atenção também a recomendação de Pedro à comunidade dos cristãos, quanto à prática do bem. Esta prática está diretamente ligada à vontade de Deus (cf. 1 Pe 3,17), o que implica compreender que, se tal prática seja do fiel, seja da comunidade, mesmo ordenada ao bem, se não corresponder à vontade de Deus, não edifica. Mas como pode a prática do bem não ser a vontade de Deus? Diriam alguns irmãos. Ora, não nos cabe compreender os desígnios de Deus, mas cabe a todos, discernir o que edifica a Igreja e o que não edifica, para isso, uma vida de oração é essencial; aliás, a oração constante da comunidade é a fonte de relacionamento com Deus, é a partir dela que teremos condições de atender a sua vontade, explícita pela exigência de Jesus: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15); para Jesus, isto é sinal de amor incondicional a ele e ao mesmo tempo, fundamento da comunhão plena com a Trindade, o qual ele mesmo sustenta: “O Espírito da verdade [...] está dentro de vós” (Jo 14,17), e por isso, “[...] sabereis que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós” (v. 20).
Não é maravilhoso, portanto, saber que a Comunhão plena e total no pensamento, na vontade e no agir de Deus, é possibilitada pelo Espírito que o próprio Cristo nos concede, por meio da autêntica oração e disposição em servi-lo? E que isto sim, é fonte de cura e de alegria, tal como acontecera com os samaritanos?
Renovada então a nossa esperança, oremos: Deus eterno e todo poderoso, dai-nos celebrar com fervor estes dias de júbilo em honra ao Cristo ressuscitado, para que nossa vida corresponda sempre aos mistérios que recordamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!

Fraternal abraço a todos e todas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário