quinta-feira, 7 de julho de 2011

AS SEMENTES LANÇADAS NO MUNDO, NÃO RETORNAM SEM PRODUZIR EFEITO


XV DOMINGO DO TEMPO COMUM
10/07/2011 – Ano A – cor: verDE

PRIMEIRA LEITURA: Isaías 55,10-11
SALMO RESPONSORIAL: 64/65
SEGUNDA LEITURA: Romanos 8,18-23
EVANGELHO: Mateus 13,1-23

AS SEMENTES LANÇADAS NO MUNDO, NÃO RETORNAM SEM PRODUZIR EFEITO.

Taí algo que o mundo necessita por demais nos dias atuais: uma nova e fervorosa evangelização, revigorada com um novo Batismo no Espírito a ponto de nos possibilitar compreender toda a diversidade cultural e combater com ações proféticas e postura ético-religiosa, toda falta de sensibilidade a qual, as pessoas vem sendo moldadas com o propósito de que se mantenha o estado de exclusão social da grande maioria da população, em especial os mais pobres. Estes, inseridos na condição desfavorável em que se encontram, e não tendo força, seja intelectual, seja espiritual, de impor reação contra o processo econômico que os oprime, tornam-se vítimas ordeiras deste processo e contribuem sobremaneira para que se mantenha a já enorme lacuna e crescente lacuna entre os, como diriam os antigos, “afortunados e desafortunados” de nossa sociedade.
Sem justiça social não há liberdade, e numa sociedade dessacralizada, em que se banaliza até a vida, a corrupção se desenvolve como erva daninha; vide os episódios de corrupção nas diversas esferas do governo, o qual deveria ser o exemplo de austeridade, ao contrário, torna-se fonte de injustiça social; uma vez que se desvia dinheiro dos cofres públicos para alimentar parasitas, é natural que falte recursos para os mecanismos de combate à injustiça: educação, saúde, segurança, moradia, etc.; não é sem razão, portanto, que testemunhamos o sucateamento e a falência dos serviços sociais, que já tendem a ser mínimos no estado neoliberal, e isto também, privilegia a iniciativa privada, isto é, as empresas que exploram tais serviços, não obstante, o fortalecimento das escolas e hospitais particulares, dos planos de saúde que ganham rios de dinheiro ao mesmo tempo em que dominam os meios legais para sobreviver no lucro cada vez maior, dos sistemas privados de segurança, setor que ano após ano bate recordes de faturamento, enquanto a população mais carente sofre cada vez mais, são consequências de uma sociedade doente e corrupta.
Neste ínterim, Deus nos dirige, por meio da liturgia deste 15º Domingo do Tempo Comum, em que o Cristo se manifesta mais proximamente junto às angústias do povo sofrido, uma renovada esperança; mesmo em meio ao deserto em que nos encontramos, a Palavra anunciada é comparada à semente, a qual, por necessidade deve ser lançada à terra; obviamente esta terra deve ser preparada, cuidada, para receber aquela que deve morrer para que surja uma nova sociedade, embasada no amor, reflexo do Reino de Deus. O cristão é a semente lançada de seu testemunho diário numa sociedade doente, do ponto de vista moral, conforme avaliamos acima, às vezes com sofrimento e contrariedades, às vezes até com o martírio, torna-se capaz de germinar uma nova realidade, e dela produzir frutos, não importando qual seja a quantidade: “... produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente” (Mt 13,6).
O preparo da terra, a qual recebe a semente, isto é, seu ambiente de vida enquanto não desponta a nova realidade, a sociedade, deve ser, portanto, preparada, mas é Deus mesmo quem a prepara, e nos prepara, com seu Espírito Santificador, abrindo mentes e corações para que sua Palavra seja testemunhada e encontre ambiente propício para que não se torne sem efeito. Não é o conhecimento científico, portanto, a condição básica para se compreender os mistérios divinos; a Palavra é anunciada de forma simples, e não raramente, um homem sem instrução a compreende e aceita melhor do que um estudioso em que a mente e o coração estão condicionados a desvendar e comprovar de forma empírica (cf. Mt 13,15), isto é por experimentos próprios, os mistérios que não consegue compreender, por isso “vem o maligno e rouba o que foi semeado em seu coração” (Mt 13,19). Àqueles, ao contrário, que com simplicidade souberam acolher a Palavra, Jesus mesmo os considera bem aventurados, ou seja, felizes (Mt 13,16), por que lhes “foi dado o conhecimento dos mistérios do reino dos céus” (Mt 13,12).
O cristão é, portanto, revestido pelo Espírito Santo, de poderes proféticos, sacerdotais e régios para realizar a obra de restauração deste mundo, a começar no pequenino ambiente em que vivemos e nos relacionamos, denunciando as atitudes irresponsáveis de que corrompe e de quem é corrompido em sua dignidade, ao mesmo tempo em que, com misericórdia implacável, se anuncia e testemunha um Deus que é muito maior do que todos os nossos problemas.

Seja você também, semente do Reino.

Fraternal abraço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário