sexta-feira, 22 de julho de 2011

REFLEXÃO DA PALAVRA XVII DTC - SABEDORIA: CAMINHO NECESSÁRIO PARA DISCERNIR OS MISTÉRIOS DO REINO

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM
24/07/2011 – Ano A – cor: verDE

PRIMEIRA LEITURA: 1 Reis 3,5.7-12
SALMO RESPONSORIAL: 118/119
SEGUNDA LEITURA: Romanos 8,28-30
EVANGELHO: Mateus 13,44-52

SABEDORIA: CAMINHO NECESSÁRIO PARA DISCERNIR OS MISTÉRIOS DO REINO
Governar é uma arte que exige uma série de características daquele que se dispõe a exercê-lo, a começar da humildade e da consciência de que as virtudes pessoais são insuficientes para que o poder seja exercido de forma que a justiça seja uma realidade visível em todos os níveis da sociedade; tais virtudes por si só, não garantem a eficácia de um governo, é necessário, portanto, o auxílio divino e a observação dos ensinamentos que Deus vai fornecendo ao homem, durante a história, por meio de sua Palavra. É preciso conhecer a vontade de Deus, Senhor supremo e dono de todo o poder.
Salomão torna-se o símbolo da continuidade do poder de seu pai Davi, aquele que fora ungido para ser rei e soube, ainda que em meio à fraqueza humana, sacralizar o poder, exercendo-o no nome Senhor e em favor do povo, consequentemente, fazendo da justiça uma realidade a ponto de conquistar toda confiança e adesão de quem de fato servia. A longevidade do reinado de Davi, em sei filho Salomão, é a glorificação de seu ministério, este vem materializado com o respaldo político, que por herança, fora passado a Salomão e com o endosso do próprio Senhor, que se manifestando a este, talvez num momento de grande dificuldade, uma vez que o escritor sagrado ilustra a aparição em sonho, durante a noite, lhe diz: “Pede o que desejas e eu lhe darei” (1 Rs 3,5).
A rigor, Salomão, se vê pequeno e desorientado diante da responsabilidade que é dar continuidade ao projeto de governo iniciado por seu pai, o que é natural em se tratando de um adolescente, ainda em formação; o risco de não corresponder era grande, não fosse a humildade do rei em se reconhecer nesta condição e pedir a Deus o bem mais precioso que poderia pedir, isto é a sabedoria para governar: “Dá pois a teu servo um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal” (V. 9).
A compreensão, isto é, a percepção e o socorro às necessidades do povo, aliado ao poder de discernir entre o bem e o mal parece ser a chave de um governo bem sucedido e de uma sociedade feliz, ao contrário, numa sociedade onde o que menos importa é o bem estar do povo, para que a classe dominante seja beneficiada, a custo de manipulações descaradas e corruptas, como temos testemunhado em nossa sociedade, a começar nos municípios, que é onde temos maior contato, não pode ser outro o resultado, senão o da injustiça instalada nos gabinetes e legislaturas e que se materializa nas diversas formas de degeneração social; a corrupção é a pior das patologias sociais e causa de todas as formas de injustiça, nela, o estado se degenera e temos a negação do governo, isto é a ingerência social reina; não se pode dizer que por meio de um governo corrupto, que Deus está presente, e não se pode consagrar a Deus um governo corrupto, seria a negação da justiça divina e o uso do nome santo do Senhor em vão. E não raramente, nossos governantes e políticos tem dado contra-testemunho ao próprio Deus e atrapalhado a instauração do que seria o seu Reino de amor e de justiça.
Não é sem razão que Jesus mesmo compara o seu Reino a um tesouro escondido no campo, algo tão difícil de acontecer que quem o encontra é capaz de fazer o que para nós seria absurdo: manter o tesouro escondido, vender todos seus bens para simplesmente comprar o campo (cf. Mt 13,44); muitos pensariam no mais fácil, carregar o tesouro para si e agregá-lo às suas propriedades; fato é que esta seria também a forma corrupta de apropriar-se daquilo que não é próprio. A corrupção nasce da idéia de possuir algo que pertence a outro, em especial, no que se refere ao bem público, e de não saber discernir que este bem sendo público, não possui um dono específico, privado, mas uma a toda sociedade, que deve preservar para o bom uso de todos; o governo e os indivíduos cumprem um papel social importante, longe de serem donos do patrimônio público, enquanto ao primeiro cabe administrar de forma ética e coerente, visando a justa distribuição dos bens, estes últimos, cabe fiscalizar as atitudes do governo instituído e de forma organizada auxiliar na distribuição destes bens; um mal exemplo ocorrido esta semana é a contribuição do estado na construção de um estádio de futebol com a finalidade de abrigar os jogos da Copa do Mundo de 2014, de interesse mais privado do que público, entregando-o totalmente à iniciativa privada; tal participação do estado está na casa dos 800 milhões de Reais, ao mesmo tempo em que se alega não haver dinheiro para se investir nas necessidades básicas da população tais como: moradia, educação, saúde, transporte, saneamento básico, etc. Mas como diz Bertold Brecht: Para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: eles já comeram”.
Oremos: Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai o amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por N.S.J.C. Amém!

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