quinta-feira, 14 de julho de 2011

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM - REFLEXÃO DA PALAVRA

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM
17/07/2011 – Ano A – cor: verDE

PRIMEIRA LEITURA: Sabedoria 12,13.16-19
SALMO RESPONSORIAL: 85/86
SEGUNDA LEITURA: Romanos 8,26-27
EVANGELHO: Mateus 13,24-43

A JUSTIÇA SOCIAL COMO CONDIÇÃO FUNDAMENTAL PARA QUE O REINO SE TORNE UMA REALIDADE

“ [...] Com efeito, no planeta do principezinho havia, como em todos os outros planetas, ervas boas e más. Por conseguinte, sementes boas de ervas boas; sementes más, de ervas más. Mas as sementes são invisíveis. Elas dormem no segredo da terra até que uma cisme de despertar. Se é de roseira ou de rabanete, podemos deixar que cresça à vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido.” (SAINT-EXUPÉRY, Antoine. O Pequeno Príncipe. 15ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Agir, 1972, p. 22-23.)

O senso de justiça humano, definitivamente não corresponde ao senso de justiça fundamentado no pensamento divino. Enquanto o homem pratica sua justiça por meio da distinção do caráter de cada indivíduo ou de um conjunto de indivíduos, em tese uma justiça superficial e, desculpe a incoerência, “injusta”, a justiça divina, ao contrário, é perfeita, no sentido de não excluir antes do tempo oportuno, qualquer ser criado; todos indiferentemente do caráter, isto é, joios ou trigos, uma vez colocados no campo da vida, têm o direito irrestrito à vida e à liberdade dos filhos e filhas de Deus, até que se manifeste definitivamente o seu poder, e a força deste poder é o princípio da sua justiça, e seu domínio é o da indulgência (cf. Sb 12,16); indulgente é aquele que está sempre pronto a perdoar; dar o perdão é uma atitude de sua iniciativa, sem que haja inicialmente alguma condição de arrependimento ou pedido de perdão, apenas concede, e mais, nunca espera uma possível conversão; apenas dá o perdão, e esta forma de justiça está muito além do pensamento humano.
Esta justiça, a qual o homem é incapaz de conceber, é o princípio básico e fundamental do Reino de Deus, assim, quanto mais justa a sociedade humana for, mais próxima de se conformar ao paraíso criado por Deus, que é seu Reino; a prática da justiça perfeita é um retorno da humanidade a sua origem; Deus é nossa origem; nosso princípio e fim, o Alfa e o Ômega. Por esta argumentação ser um mistério, isto é, algo que a mente humana não consegue por si só, desvelar, Deus mesmo abre-nos a mente e o coração para compreender este processo de retorno às nossas origens, é sua iniciativa, já que ele mesmo nos quer junto dele. Neste ínterim, o Espírito Santo, diariamente, nos instrui como proceder, uma vez que somos imperfeitos, “[...] Pois não sabemos o que pedir, nem como pedir [...]”; o Espírito pede por nós, pois pode penetrar as nossas entranhas e conhecer os nossos pensamentos mais íntimos; e é aí que se dará a revelação do bem e do mal; a mente humana, ao contrário, não é capaz de penetrar este sacrário, que é o cérebro humano e apreender o pensamento alheio, ninguém poderá jamais saber com certeza o que cada um de nós pensa neste exato momento, e este é o grande risco de nosso julgamento, o de ser injusto, ao mesmo tempo, funda-se o grande drama do homem, o de não poder plenamente confiar no seu semelhante, e isto também é uma condenação; quantos vivem reclusos com medo de se relacionar com o outro por não saber o que o outro pensa e qual ação que virá na sequência deste pensamento? Se boa ou má?
Seremos mais justos, quanto mais conhecermos o outro, e o conheceremos quanto mais nos relacionarmos com ele, e para nos relacionar com o outro devemos transpor as barreiras do preconceito; preconceito é o conceito ou opinião que se forma antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos e das pessoas; é idéia preconcebida a partir de valores muitas vezes, egocêntricos, ou seja, quando me coloco no centro, como exemplo para o outro, deixando-o à margem. Contrapondo a esta idéia de justiça, Jesus complementa sua parábola: “O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos” (Mt 13, 31-32).
Nossas comunidades de fé e os agentes que nelas congregam, devem ser vigilantes, e esforçar-se para serem, em meio à sociedade que, cada vez mais nega a Deus - a sabedoria divina atrapalha os projetos humanos-, testemunhas dos ensinamentos que o Cristo hoje nos dirige. Por outro lado, a Palavra nos orienta como nos utilizar, do poder do poder humano para benefício de toda a sociedade, ora, uma sociedade justa é como uma grande árvore onde todos podem se abrigar em sua sombra; deve ser, portanto, um local onde todos se sintam protegidos e amparados. Nossas comunidades devem ser em primeiro plano este lugar. Como diria um amigo: “Nossas Igrejas são a soleira do céu”, esta, na verdade, é a grande missão das nossas comunidades de fé: propagar e testemunhar o Reino de justiça e amor, e deixar o julgamento da raça humana para o “Filho do homem” (cf. Mt 13,41).

Fraternal abraço.

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