quinta-feira, 6 de outubro de 2011

XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A - 09/10/2011

XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – 09/10/2011

PRIMEIRA LEITURA: Isaías 25,6-10
SALMO RESPONSORIAL: 22/23
SEGUNDA LEITURA: Filipenses 4,12-14.19-20
EVANGELHO: Mateus 22,1-14

“PORQUE MUITOS SÃO CHAMADOS, E POUCOS SÃO ESCOLHIDOS” (Mt 22,14)

Festa é um acontecimento que marca a história dos povos; está impresso no caráter humano a vontade de festejar, isto é, de celebrar os acontecimentos que traduzem regozijo, alegria, júbilo; toda conquista, toda vitória, toda superação de uma condição menos favorável para outra, ainda que cercada das incertezas do futuro, nós humanos festejamos: nascimento, aniversário, casamento, ritos de passagem, bodas, títulos, etc. são alguns motivos que temos para celebrar; ouviram falar, por exemplo, da festa da cumeeira, isto é, do momento em que uma construção chega à altura de laje, em que se pode com os amigos realizar um mutirão empalhar o concreto, e depois do trabalho então confraternizar um belo churrasco; quem já não participou de uma destas festas, que nada mais expressam a alegria e a satisfação de se ter alcançado uma grande vitória?
Para o povo da Sagrada Escritura, seja no A.T., seja na Nova Aliança, a festa também tem uma importância vital, a ponto de ser, no Evangelho de hoje, transcrita como vontade de Deus, “[...] que preparou a festa de casamento para seu filho”. Em especial, as bodas, têm a predileção do Senhor, representa, no Antigo Testamento, a aliança entre Deus e o povo, inúmeras vezes corrompida pela desobediência dos homens; em Jesus, é símbolo de sua união definitiva com a Igreja, uma relação de amor comparada ao casamento; para os povos antigos, e para muitos povos ainda hoje, o casamento é uma festa que perduram dias, tal sua importância para a manutenção da estrutura social de um povo, pois funda a sua identidade de nação e garante a sua continuidade por meio dos filhos que surgirão; é sem dúvida, motivo de muita alegria. Infelizmente, as sociedades modernas vêm banalizando sua importância em nome de uma sociedade desfragmentada mais globalizada, onde a identidade não seja motivo de resistência às implantações dos projetos capitalistas e da formação de um macro império econômico e bélico.
A questão bélica está também, presente nesta parte do Evangelho de Mateus, que hoje refletimos. Vejam que, diante da recusa dos convidados em participar da festa preparada pelo rei, por conta de que cada convidado está preocupado apenas com seus interesses, este manda uma expedição militar para vingar a morte de seus mensageiros, ordenando-lhes “matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles” (Mt 22,7); interessante que a reação de matar os mensageiros do rei, nada mais é do que um meio de defesa dos próprios interesses, isto é, de um emblemático movimento de oposição ao rei, do qual não terá outro fim senão a destruição dos agora opositores, e de toda a sua linhagem, é o que quer dizer o texto quando propõe a destruição da cidade, assim como ocorreu com Jerusalém, no ano 70, quando o império romano a destrói; desta forma temos um contexto político. Nota-se aí uma proposital fusão entre o mundo real e o transcendente; para a comunidade de Mateus, que compôs este Evangelho, o rei da parábola não é de essência humana, mas sim Deus mesmo, considerado rei absoluto, tanto para Jesus como para seus seguidores. Após a destruição da cidade e de seus importantes cidadãos, mediante a livre escolha de não comungar da alegria do Senhor da vida, surgem outros convidados, “nas encruzilhadas dos caminhos [...] bons e maus”, os quais aceitam o convite e enchem a sala da festa; estes não estão inseridos na comunidade, vivem na exclusão; as encruzilhadas longe do centro urbano eram os pontos de prostituição e mendicância; estes, que ainda possuem no interior um restolho de bondade, em meio à fruição das fragilidades humanas, isto é, das misérias que o meio social propicia é que tem a coragem de se apresentar diante do Senhor. Só serão excluídos definitivamente do banquete os que deixarem prevalecer as misérias, ou seja, os que não se revestirem de uma veste nova, a veste da justiça; a estes fica reservada a escuridão, as trevas, onde “haverá choro e ranger de dentes” (v. 13). A justiça é, pois, o critério de escolha para que o Reino se torne uma realidade.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

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