sábado, 5 de novembro de 2011

REFLEXÃO DA PALAVRA - TODOS OS SANTOS - ANO A - 06/11/2011

TODOS OS SANTOS E MÁRTIRES – ANO A – 06/11/2011

PRIMEIRA LEITURA: Apocalípse 7,2-4.9,14
SALMO RESPONSORIAL: Salmo 23/24
SEGUNDA LEITURA: 1 João 3,1-3
EVANGELHO: Mateus 5,1-12

EM JESUS, A SANTIDADE TORNA-SE UMA REAL POSSIBILIDADE PARA TODOS OS CONVERTIDOS

Certamente a santidade passa pelas bem-aventuranças; ser santo é antes de tudo ser feliz: “Felizes...” (Mt 5,3.4.5.6.7.8.9.10.11); “...Ficai contentes e alegres...” (v.12). Com estas observações Jesus inicia um discurso que não se encerra no trecho que a liturgia de hoje nos apresenta, este se estende até o capítulo 7 no Evangelho de Mateus e é dirigido ao que ouvem e segue Jesus, isto é, à nova comunidade cristã, a multidão que o segue, sedenta por salvação, conforme relata o versículo 1: “Vendo Jesus as multidões, subiu no monte e sentou-se”; Jesus se manifesta como Messias, o Rei que se assenta ao trono e dirige ao povo, que já é santo, as suas palavras; vejam que as palavras de Jesus, são antes de tudo, palavras de animosidade, parecendo falar a soldados prestes a entrar em combate; e de fato é isto mesmo, a santidade, a qual hoje celebramos na liturgia de Todos os Santos, é um combate espiritual diante das oportunidades sedutoras que nos são apresentadas diariamente com promessas de felicidade, fundada não no pensamento o qual Jesus, sentado sobre a colina, expõe em seu discurso sobre as bem-aventuranças, que ele compreende e ensina. A felicidade que santifica, transcende nossa a matéria, o tempo e o espaço ao qual estamos vivendo, ou seja, o “vale de lágrimas” que mencionamos ao rezar a Salve Rainha, quando então nos dirigimos à Maria com tom suplicante que nos auxilie nesta dura caminhada de santidade, e nada mais justo solicitar tal importante ajuda, uma vez que ela se torna a primeira na multidão imensa dos santos (cf. Ap 7,9).
Nos dias atuais, por conta de uma cultura imediatista, e que visa o prazer fútil e efêmero, a santidade assume uma conotação negativa, normalmente vinculada ao sofrimento e a angústia, que em nada recompensa o homem, por isso, aos poucos, a santidade vai deixando de ser um propósito de vida, e descartando a santidade, fonte de felicidade plena e verdadeira, por que é ela quem pode de fato regular nossas relações interpessoais na sociedade, pelo meio do respeito e da ética; e ética não é moral, uma vez que moral se funda na lei, é uma regulação externa que tenciona o interno do homem, enquanto que a ética surge no âmago do ser humano, em sua profunda intimidade a qual, externada, torna-se atitude de alteridade, ato que reflete profundo amor compassivo, isto é, o amor de se colocar no lugar do outro. Portanto, santidade não é sofrimento, mas superação do sofrimento causado, sobretudo, pelas consequências da forma individualista e cética a qual vivemos. Historicamente não se tem registro de que um santo tenha morrido de desgosto, ou depressão; a história testemunha que o martírio é para os santos, fonte de felicidade, uma rara oportunidade de abraçar o eterno; por isso martírio e santidade estão tão ligados, mas martírio jamais é fazer algo que não se queira, contra a sua vontade, isto sim é condenação e sofrimento, pois não se quer passar por tal situação a qual terei de passar, eis a confusão que se faz com martírio. Martírio não é condenação, mas é prêmio para aquele que de fato crê no amor que Deus nos concedeu, conforme São João fala: “... de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!”, e conclui: “Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai” (1Jo 3,1); a missão dos santos, a exemplo dos profetas da Antiga Aliança é tornar o Pai conhecido e amado, ainda que nosso pensar e agir incomode a grande maioria das pessoas e isto se transforme em descaso, descrédito, pela ridicularização ou escárnio, ou até mesmo em agressão física ou moral, “Felizes sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem [...] por causa de mim” (Mt 5,11).

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!



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