sábado, 12 de novembro de 2011

REFLEXÃO DA PALAVRA - XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A – 13/11/2011

PRIMEIRA LEITURA: Provérbios 31,10-13.19-20.30-31
SALMO RESPONSORIAL: Salmo 127/128
SEGUNDA LEITURA: 1 Tessalonicenses 5,1-6
EVANGELHO: Mateus 25,14-30

“SOBRE O POUCO FOSTE FIEL, SOBRE O MUITO TE COLOCAREI”
(MT 25,21.23)

De fato, a esperança na salvação, não se encerra no mistério da encarnação morte e ressurreição de Jesus, este caminho de redenção nos exige a espera no retorno eminente do Cristo, sua parusia, desta vez, dotado de poder e glória a fim de proceder ao julgamento de conduta humana, enquanto administradores que somos dos valores estimáveis do Criador, isto é, de sua riqueza, que nada mais é do que o produto de sua criação, toda a vida e o que a ela dá sustentabilidade; Deus é vida, que se manifesta no Cristo por sua natureza divina e humana a todos; João assim testemunha: “[...] nós a vimos, damos testemunho e vos anunciamos [...] estava junto do Pai e se manifestou a nós” (1Jo 1,2).
A revelação se dá de forma diferenciada para quem acredita e para quem não acredita neste mistério de amor; aos primeiros a revelação é dada num caráter de responsabilidade, são os dons, os talentos que são distribuídos conforme a capacidade de cada um, com o objetivo de que estes dêem lucro, isto é frutifiquem: os convertidos devem gerar novos convertidos, eis o lucro do investimento feito não com dinheiro como categoricamente está descrito no Evangelho de hoje; precisamos ter sempre em mente que as palavras de Jesus estão em contexto de parábola e muitos termos neste contexto são figurativos, alegóricos, para que se atinja melhor a compreensão do leitor; é por isso que não podemos fazer uma leitura fundamentalista, isto é, ao pé da letra, sem contextualizar aquilo que experienciamos da Palavra. Agora, àqueles que não acreditam no mistério, ou que, ainda não lhes foram anunciados, estes estão numa condição mais cômoda, uma vez que a Palavra não lhes coloca responsabilidade alguma, aliás, em situação pior esta aqueles que tendo recebido o Evangelho, - o talento - não fazem esforço algum para que o Reino de Deus seja uma realidade; a estes, Jesus anuncia não o prêmio, a vida eterna na sua presença (cf. Mt 25,21.23), mas sim a condenação de viverem eternamente na escuridão, separados definitivamente do Senhor, ou melhor, da vida.
O evento escatológico, isto é, o juízo final na presença do Cristo ressuscitado e glorioso, deixa de ser um castigo para os “filhos da luz e filhos do dia”, conforme afirma Paulo aos Tessalonicenses na Primeira Leitura (1Ts 5,5), torna-se antes, uma feliz esperança. O “dia do Senhor virá como um ladrão de noite” (v. 2), para os que estiverem acomodados na sua tranqüilidade, quando se sentirem com “paz e segurança” (v. 3); esta paz, e segurança, a qual Paulo se refere, nada mais é do que uma acomodação ao medo, ou à fuga dele, uma vez que o medo é capaz de nos deixar inertes ante os desafios que o mundo nos apresenta, e esta inércia leva-nos à preguiça, pois deixamos de colaborar com a obra e não raramente, acabamos por atrapalhar o seu desenvolvimento, enterrando este talento na cova, tal como fez o terceiro servo; e é esta a atitude que no Evangelho de hoje é condenada; se não quer ajudar na construção do Reino, também não atrapalhe, ou seja, “devias ter depositado meu dinheiro no banco”, ao menos parado no banco, sem nada produzir, o Senhor teria recebido os juros, que sem dúvida é menos do que a produção, porém rende mais do que um valor escondido.
Vejam que não há dissociação entre vida e felicidade, segundo o salmista: “do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem” (Sl 127/128, 2); trabalhar para a construção do Reino, antes de tudo é trabalhar para a sua própria felicidade, em caráter pleno, não como concebemos a felicidade no contexto social, efêmera e passageira, mas uma felicidade completa, tal como merecemos como filhos e filhas de Deus.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

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