terça-feira, 21 de junho de 2011

EUCARISTIA: FONTE DE VIDA PLENA E LIBERDADE SEM LIMITES.

SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO
23/06/2011 – Ano A – cor: branco

PRIMEIRA LEITURA: Dt 8,2-3.14b.16
SALMO RESPONSORIAL: Sl 147
SEGUNDA LEITURA: 1 Cor 10,16-17
EVANGELHO: Jo 6,51-58

EUCARISTIA: FONTE DE VIDA PLENA E LIBERDADE SEM LIMITES.
Um povo que não contempla seu passado, sua história, é um povo sem identidade, e a identidade é fundamento da soberania, é o que o torna reconhecido e livre. Ser reconhecido e ser livre são condições que contemplam a dignidade; e isto pode ser também compreendido na dimensão do indivíduo; só se é livre quando é reconhecida nossa existência e liberdade, do contrário se é escravo.
Na antiguidade e na Idade Média, ser escravo estava relacionado ao domínio geográfico e cultural; havia grande preocupação do povo hebreu em manter pura a cultura e a identidade do povo, daí podermos compreender grande parte dos escritos do Antigo Testamento, ordenados a esta preocupação, uma vez que o povo estava sempre dominado, hora em seu próprio território, hora nas diásporas, ou seja, nos momentos em que eram retirados para terras próximos do dominador.
Na atualidade em que vivemos, sob a dinâmica da globalização, não há mais nem espaço nem razão para o domínio territorial-geográfico; uma vez o povo sem identidade e assim, tendo como consequência a sua cultura fragilizada, pode ser dominado, agora cultura e economicamente; em nosso caso, não somos um povo que esporta cultura e recursos financeiros, ao contrário, os importamos: tecnologia, moda, música, cinema, recursos externos, portanto, somos um povo sutilmente dominado, a mercê do imperialismo.
A vontade de Deus para conosco, todos os seres humanos aos quais criou mediante sua Palavra: “Faça-se”, é de que sejamos todos felizes e libertos de qualquer domínio. Este propósito divino é bastante atual, e na condição de cristãos devemos lutar por esta vontade e fazê-la acontecer na nossa história. O modo que, didaticamente, Deus encontrou para colocar em prática tal objetivo, não fora outro se não humanizar-se, ou seja, tornar sua Palavra materializada na carne de Jesus Cristo, e vivendo conosco, cós conheceria profundamente as nossas necessidades e angústias; não haveria outro modo de Deus conhecer nossas entranhas se não se tornando inteiramente como nós. Com a encarnação do Verbo, Inaugura-se uma relação íntima Criador-criatura, um relacionamento de comum-união que de alguma forma deveria ser eternizada na história humana.
O Sacramento eucarístico é, pois, a “eternização” desta comunhão em que se utiliza de matérias necessárias à sobrevivência humana, o pão e o vinho, transformados, não na matéria, mas no mistério da nossa fé e mediante a ação do Espírito Santo, concretizada pela oração do ministro ordenado, em corpo e sangue do próprio Jesus, o Verbo divino que existe desde toda a eternidade na relação trinitária, como podemos refletir na solenidade da Santíssima Trindade, domingo passado.
Tudo isto é graça, sim, mas não podemos nos esquecer de nossa história de salvação, ou seja, as nossas origens enquanto povo de Deus, e não apenas a história temporal, humana, a de nossos antepassados, mas também e principalmente a espiritual; tanto a primeira quanto a segunda compõe a nossa dignidade e estão intrinsecamente relacionadas. Muito embora a nossa verdadeira pátria seja o Reino de Deus, vivemos neste mundo enquanto peregrinos, e para melhor viver nele, é preciso transformá-lo ao máximo naquilo que para nós é este Reino de amor fraterno, de liberdade e de dignidade. Para isto a Eucaristia torna-se um exercício de libertação, oportunidade ímpar de comunhão entre todos os nossos semelhantes e destes com o Criador, o Deus da vida.
Oremos: Senhor Jesus Cristo, neste admirável sacramento, nos deixastes o memorial da vossa paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso Corpo e do vosso Sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo. Amém!

Fraternal abraço.

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