sábado, 25 de junho de 2011

REFLEXÃO DA PALAVRA: O AMOR QUE SE MANIFESTA NA HOSPITALIDADE, NO CUIDADO PARA COM O OUTRO


xiii domingo do tempo comum
26/06/2011 – Ano A – cor: verde

PRIMEIRA LEITURA: 2Rs 4,8-11.14-16a
SALMO RESPONSORIAL: Sl 88/89
SEGUNDA LEITURA: Rm 6,3-4.8-11
EVANGELHO: Mt 10,37-42

O AMOR QUE SE MANIFESTA NA HOSPITALIDADE, NO CUIDADO PARA COM O OUTRO.

O Amor a Deus é um mistério que se revela em plenitude, somente a quem experimentou o amor dado por iniciativa do próprio Deus. A estes que foram iniciados na relação amorosa com o Criador, e que se realiza de modo particular, na recepção do sacramento do Batismo, faz-se uma exigência: que este dom, o amor recebido, seja transformado no amor ao outro; não digo ao próximo, por que poder-se-ia compreender àquele amor ordenado somente às pessoas mais próximas de nosso relacionamento diário, um risco à subsistência do amor, uma vez que se pode reservá-lo aos círculos familiares (pai, mãe e filhos) ou ainda aos círculos de amizade, e não é esta a proposta do Evangelho quando se refere ao duplo mandamento do amor: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (cf. Mt 22, 37.39).

Amar a Deus, no entanto, implica renúncias, primeiro, de despojar-se de si mesmo, o que já é para nós, que vivemos a relação da supervalorização do “eu”, um sofrimento; deixar tudo aquilo que mais amamos para servir-Lo é de fato uma dificuldade que merece sua atenção, e Deus sabe das nossas fraquezas, Ele mesmo viveu a nossa carne e as nossas angústias, e é isto que hoje nos possibilita relacionar com Ele.

Como exemplo desta luta entre o amar a si, como nos apregoa nossa cultura e o amor a Deus no outro, como nos exige o Evangelho, a liturgia apresenta-nos o acolhimento que a sunamita, “uma senhora rica” (2 Rs 4,8), oferece ao profeta Eliseu; mesmo na sua submissão social, isto é, uma mulher, que segundo avalia o servo do profeta, Giezi: “[...] não tem filhos, e seu marido já é velho” (v.14), ou seja, nada se poderia fazer para elevar a sua dignidade, ela é capaz de tomar a iniciativa, que a princípio, numa sociedade paternalista caberia ao marido, de acomodar melhor a um profeta, isto é, a um representante do Senhor. Tal atitude de amor a Deus não poderia resultar em outra coisa senão, na graça, no milagre, de na impossibilidade humana de gerar vida, uma criança nascer por intermédio da palavra do Profeta, é Deus que gera a vida, esse dom que resulta do verdadeiro amor.
Repito, é o batismo que nos faz reconhecer o que de fato é o amor a Deus e ao outro e suas consequências para a nossa vida; “pelo batismo na sua morte, fomos sepultados com ele” (Rm 6,4), para que possamos com ele ressuscitar para uma “vida nova”, ordenada a amar o outro, segundo o exemplo do Mestre, até as últimas consequências.
Equivale dizer que o martírio é a consequência radical do mandamento do amor, mas martírio não quer dizer estritamente a entrega da vida, embora esta entrega faça parte do testemunho; podemos renunciar a muitas coisas que à primeira vista, nos representa segurança e conforto, mas que na verdade atrapalha a obra do Senhor em nós, impedindo que vida seja completa. A sunamita, da primeira leitura, poderia muito bem utilizar-se do direito de se preservar, omitindo-se da preocupação de acolher a Deus na pessoa do profeta em sua própria casa, mesmo com o risco de não ser compreendida.

Oremos: Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da Luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém!

Fraternal abraço a todos e a todas.

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